sexta-feira, 25 de maio de 2007

rapidinha

Recebi já, agorinha, por telefone, o resultado do exame da tal bactéria: negativíssimo!!
Iupiiiii!! Nada de problemas pro meu filhote, nada de antibióticos, nada de injeções e desmaios!!!
:-)

boletim ligeiro

Essa última quarta foi dia de mais uma visita à Clínica de Mulheres (Durham Women`s Clinic), com direito a xixi no potinho (ok para açúcar e proteínas), medida de pressão (ok para uma grávida prestes a rolar), furo no dedo (ok! tenho muita hemoglobina!!), escutar coração do Lucas Benjamin (ótimo!! parecia uma bateria de escola de samba!) e subida na balança (essa eu não falo nem sob tortura).
Além disso fiz um exame pra saber se sou portadora de uma bactéria que, apesar de ser inócua à saúde de uma mulher adulta, pode contaminar o feto durante o parto e gerar complicações severas. Mas é pra evitar isso mesmo que o teste é feito. Se eu for portadora, então, tomo um antibiótico na veia no dia do parto e mãe e filho já ficam rapidamente imunes! Bem fácil! Confesso só que não me agrada a idéia "injeção". No problem at all sobre o parto. Tranqüilo mesmo... mas agulhas?? irchhhh... enfim, fazer o que? Vou ter que encarar se for o caso... e sem desmaios!
Bem, só pra finalizar, eu ando sentindo contrações e mais contrações. E sentindo que esse moleque é grande mesmo. Minhas costelas andam doloridas e espirrar passou a ser uma situação de alto risco. Fica difícil controlar a respiração, já que ele aperta sem dó nem piedade meu diafragma, e a bexiga, sendo comprimida de forma rápida e implacável por uma cabeça... e que cabeça!! O médico que me examinou quarta, (o mesmo, aliás, da outra semana) disse que ele é realmente muito comprido. Um jogador de basquete, praticamente. Ele disse também, para meu desapontamento, que era pra aquietar meu facho e que não, Lucas não vai nascer agorinha. Que apesar das inúmeras contrações, cólicas e dores nas costas, ainda tem tempo até tudo estar nos devidos lugares. O que na verdade tá certinho, afinal eu estou na trigésima sexta semana ainda. Além disso, não sei se pra me aterrorizar ou pra me deixar mais tranqüila e sem medo de acabar parindo em casa, fui delicadamente informada pelo Dr. Frenduto que meu trabalho de parto, provavelmente, durará algo em torno de 20 a 24 horas...
Mas... eu tava com muita esperança de parir logo e ver meu filhotinho logo. Bem, e a esperança era também de conseguir respirar, espirrar, caminhar, comer, dançar... enfim, a esperança era de "realizar" vários verbos mais facilmente! Agora entendo melhor a expressão "esperar um filho" como sinônimo de "estar grávida". É isso mesmo que fazemos, esperar. E, de quebra, vamos exercitando a paciência que, dizem, vai ser muito útil para depois que o rebento estiver do lado de fora da barriga e começar a reivindicar coisas como o peito, o cheiro da mãe, trocas de fralda, uma mesada polpuda, as chaves do carro, dormir com a namorada... pensando melhor, fica o tempo que precisar aí dentro meu filho!! Sem pressa pra você nascer, tá??

terça-feira, 22 de maio de 2007

25 minutos de fila?? ahhhh, não!!

Hoje fomos ao banco pra resolver duas coisinhas. A primeira era informar o meu SSN, ou Social Security Number, ou número do seguro social. A segunda era assinar papéis e dar autorização para Duke depositar o pagamento do Tomzinho diretamente na conta.
A verdade é que já era a quarta vez que tentávamos resolver a história do SSN. Mas toda vez que chegávamos no banco, éramos informados que nossa espera seria de, no mínimo, 25 minutos. Sempre desistíamos, achando que dava pra esperar mais uns dias pra resolver e que ficar 25 minutos esperando era muita coisa. Enfim, dessa vez não foi diferente. Numa fila de espera digna de Banco do Brasil em dia de pagamento de pensionista, fomos educadamente avisados que ficaríamos mofando um bom tempo. Tomzinho rebelou-se. Falou com o rapaz que nos atendia (que depois viemos a saber se tratar do gerente) que aquilo era um absurdo, que ele tinha conta há quase 20 anos no banco, que nunca tinha visto aquilo, que ele não era mal atendido assim quando estava no Brasil, que seria obrigado a trocar de banco, que por favor ele informasse tudo aos superiores, que abrisse uma agência perto de Duke, que era inaceitável, que era um pé no saco ter que trocar todos os negócios dele com o banco por estar descontente com o atendimento, e assim por diante. E o rapaz pedindo desculpas, entre sorrisos e evasivas, doido pra fugir, dava um monte de explicações e razões, tentando aplacar a fúria do meu maridinho.
Eu, que sou macaca velhíssima de reclamações no Rio, achei que esse tipo de coisa nunca faria muito efeito aqui na Gringolândia, onde tudo é tão rígido e inflexível que nunca se consegue nada no jeitinho. Ou na porrada. No Brasil você sempre tem duas possibilidades, com esse tipo de reclamação: ou você vai acabar discutindo seriamente com o cara que tá te atendendo, ou seu problema vai ser rapidamente resolvido, regado a água gelada e cafezinho. Mas aqui, que não temos nem uma fila especial para idosos e mulheres (super) grávidas como eu (e que, mesmo nas enormes filas do Banco do Brasil teríamos), onde pra pedir uma informação rápida temos que nos submeter à fila como todos os outros mortais, sempre temos que nos comportar de acordo com os padrões. Afinal sair dos padrões nunca adianta nada.
Pois, ledo angano. Adiantou tudo. Nossa fila de 25 minutos se transformou em 3 minutos. Fomos atendidos rapidamente por uma mocinha muito atenciosa e cheia de sorrisos. Me senti meio num esquema "você sabe com quem está falando?" que deu certo. Nem no Brasil o desfecho teria sido tão satisfatório e tão rápido. Talvez o gerente quisesse só se livrar logo do Tom e sua ira acumulada em quase 3 anos sem poder reclamar muito no Brasil (hoje eu entendo perfeitamente como nos sentimos desconfortáveis em fazer reivindicações em uma língua que não é a nossa). Talvez ele tenha se sentido culpado pela minha barriga gigante. Ou talvez ele tenha acreditado em Tomzinho e tenha querido realmente não perder o cliente. Enfim, independente da resposta correta, a verdade é que, para nós o resultado foi espantosamente satisfatório. Me fez até começar a acreditar que talvez (e eu disse "talvez") esse país tenha jeito. Quem sabe um jeitinho quase brasileiro...?

domingo, 20 de maio de 2007

vida profissional etc.

Estou ralando nesse novo emprego - em geral chego no escritorio às 07:30 da manhã, e volto pra casa às 05:00 da tarde. Nas primeiras semanas foi difícil encontrar tempo e energia para estudar flauta - chegava em casa tão cansado que era inútil tentar. Nesta ultima semana descobri, ao menos por agora, um jeitinho - ficando 90 minutos em casa no almoço, posso estudar quase uma hora num horário quando o cansaço ainda não tá batendo tanto. Para fazer isso, e trabalhar 8 horas por dia na biblioteca, saio de casa às 07:20.
Finalmente consegui tocar um pouco de música com a professora de flauta de Duke, Rebecca Troxler, uma amiga de infância (tou falando literalmente) da nossa querida Sandy Miller, com quem eu estudei flauta em aula particular em Manhattan. Tocamos duos de Villeneuve e de Reinards. Em casa tou estudando choros (com minha flauta Miyazawa) de novo.
Os fins de semana dão uma chance para a gente conhecer o nosso lugar interiorano. Deborah tá andando agora com difficuldade - não dá para passear muito. Ontem fomos para o centro da cidade, tão perto que quando Lucas nascer a gente pode andar com ele até lá no carrinho de bebê. Eu ja morei quase no centro da cidade de Trenton, Nova Jersey, uma cidade que antigamente tinha um comércio importante, e que perdeu quase tudo depois da saída dos brancos burguêses com o conflito racial de 40 anos atras. Parece impossivel, mas o centro de Durham tem até menos comércio do que Trenton. Restam alguns prédios legais, e tem dois ou três prédios novos. Preciso dizer que a cidade de Durham esta tentando melhorar a situação, mas vai demorar para mudar esses problemas.
A gente foi pro maior sebo que já vi na minha vida, simplesmente imenso, com o estoque arranjado nas estantes segundo a casa editorial. Eles têm um acervo impressionante de livros em espanhol, e em geral, quase tudo que um aluno de graduação ou de pós-graduação pode querer. Com certeza a gente volta.
Quase ao lado tem uma loja hiper-legal de roupas e artesanato da África. O dono é nigeriano, muito simpático, muito falador. Deborah escolheu um vestido que cabe agora, mas que dá para usar depois do Lucas chegar também.
Finalmente tomamos um café no Rue Cler, um restaurante/café/bakery que parece um oásis de cuisine num centro quase desprovido de opcões (vimos um restaurante mexicano também). O barman era simpatico, não-sulista (do interior do estado de Maine, na fronteira com Canadá), compositor de música para filmes.
Para resumir: esse centro tem todas as possibilidades de virar um lugar chique, interessante, mas falta umas galerias de arte, lojinhas moderninhas de fashion....it's not gay enough....yet.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

família

Marjorie e Tom em Santa Teresa, no Rio, em janeiro de 2006.
Sabe, não é nada fácil a gente sair do nosso país, da nossa cidade, deixar amigos, hábitos, toda uma vida pra trás. Mas fica tudo muito mais fácil quando a gente ganha mais uma família. E eu tô aqui falando de filho e marido sim, mas tô também falando de cunhados, sobrinhos, filhos do marido e sogros.
Meus sogrinhos estão vindo pra cá de carro, na próxima semana, trazendo um monte de coisinhas pro Lucas, como berço, roupinhas, carrinho, brinquedos, enfim, um monte de coisas mesmo. A maior parte enviada por Martha, irmã do Tom. Fico me sentindo feliz, em família, aconchegada.
Além disso, eu tenho que falar especialmente de Marjorie, mãe querida do Tom, que estudou francês e espanhol na adolescência e que hoje é nossa leitora assídua do blog, estuda português, lê O Globo, e sempre tem o carinho de falar no telefone comigo "Oi, Deh! Tudo bem?". Confesso que tinha um medo de conhecê-la. Sabe como é, mãe do marido, de outro país e com 1.80 m de altura!! Mas, felizmente, conheci um casal maravilhoso, numa viagem ao Rio bem gostosa, com direito a fogos em Copacabana no Reveillon. Muito bom.
Enfim, estamos esperando ansiosamente pelos dois e, mesmo sem praia de Ipanema e fogos em Copacabana, temos certeza que vai dar pra gente se divertir um bocado por aqui!!
Eu e Steve, em Santa Teresa, no Rio, em janeiro de 2006.

terça-feira, 15 de maio de 2007

sou carioca, com muito orgulho, com muito amor!! :-)

Eu sei que eu fiquei de dar um tempo no assunto "carro". Tava chato mesmo. Mas não deu pra resistir em compartilhar com vocês o nosso mais novo feito: somos cariocas até debaixo d`água e na placa do carro (marca Kia, modelo RIO) também. Isso mesmo, agora somos "oficialmente" cariocas aqui na Carolina do Norte. E não preciso nem dizer que Tomzinho está feliz como pinto no lixo. Ou como carioca na praia!! :-)



mais notícias do terceiro carioca

Durham Regional Hopital - onde Lucas Benjamin vai nascer








Minha semana andou meio movimentada em relação aos preparativos para o nascimento do meu rebento. Na terça passada fizemos um tour pelo hospital que o senhor Lucas Benjamin virá ao mundo. Coisa típica de americano essa coisa de tour, mas foi bem divertido e instrutivo ver os quartos, conversar com as enfermeiras, saber que se houver uma emergência no meio do parto e uma cesária for necessária, em apenas 13 minutos o bebê já terá sido retirado da barriga. Aprendi ainda que você precisa ter a cadeirinha do carro instalada e corretamente instalada se você quiser sair do hospital com seu filho (caso contrário fica no hospital!), que seu filho tem pulseira na mão, com os dados dos pais, e no tornozelo, com alarme contra furto ( :-) gostei muito dessa parte!!!), que só enfermeiras vestindo roxo e com crachá com foto podem segurar sua cria no colo, que duas pessoas podem ficar no quarto durante o parto (além de você, do médico, da enfermeira e do bebê, claro) e que pode ser que você dê sorte e consiga uma das 4 suítes de parto com banheira de hidromassagem para relaxar durante o trabalho de parto!! Um luxo só.
Na quarta voltei à clínica pra mais uma consulta. As diferenças dessa semana foram que fiz uma ultrassonografia, fui atendida por um médico e não por uma enfermeira e que fui sozinha, tendo que me virar completamente no inglês, sem meu querido marido tradutor (e traidor, já que marcou uma reunião pro mesmo horário da minha consulta). A ultra mostrou que não é à toa que ando tendo falta de ar e uma dor crônica nas costelas, afinal de contas não é nada fácil respirar com dois pés comprimindo e pisoteando seu diafrágma, estômago, etc. E dois pés de respeito, diga-se de passagem. Com 34 semanas, Lucas já estava com tamanho de um bebê de 36 e pesando quase 3 quilos. Além disso pude ver, com certa nitidez, uma orelha, o que me deixou muito aliviada em saber que meu filho tem orelha. Pelo menos uma! E sei que, além de poder usar brinco, meu filhote vai nascer com uma vasta cabeleira. Tanto que pudemos ver na ultra todo o contorno da cabeça cheiooooo de cabelo!! Um roqueiro cabeludo, quem sabe? :-) No finalzinho do ultrassom comecei a ficar tonta e enjoada e tive que pedir uma pausa. Fiquei sabendo que isso é totalmente normal já que o útero, quando estamos de barriga pra cima, e estando do tamanho de uma nave espacial, comprime veias e nervos dando esses baratos estranhos. Me viraram de lado (para o lado esquerdo, mais precisamente), me colocaram uma compressa gelada na nuca e me encheram com vários copos de água. Dez minutos mais tarde e eu era uma nova mulher.
Entre um dia e outro de eventos, acontecimentos e compromissos, consegui dar continuidade à pintura da famigerada cômoda. Que foi finalizada somente ontem e está muiiiito longe da perfeição. Mas, como Tom diz, quem quer que seja perfeito? Bem, falando baixinho, no pé do ouvido, eu adoraria... Mas não deu. De qualquer modo ficou boa, bem apresentável mesmo.
No sábado tivemos, então, o evento mais importante da semana: o Curso de Mãe! Isso mesmo, fui ao curso, devidamente acompanhada da mãe suplente (no caso, o Pai) e fui aprender as coisas que eu achava que todas as outras mulheres do mundo (como minha mãe, minha avó, minhas tias, minhas vizinhas...) nasciam sabendo. Menos eu. Trocar fralda, dar de mamar, colocar pra arrotar, saber que está com cólica, dar banho, enrolar no cobertorzinho... enfim, todas essas coisinhas essênciais ao bem viver no meu filhinho. E assim descobri um monte de outras mulheres grávidas (e seus suplentes) que não sabiam nada como eu (iupi!! eu não sou a única lesada!!) e, num trabalho em grupo, totalmente sem-vergonha, colocamos roupinha em boneco, fralda, demos remédio de mentirinha, medimos a temperatura, tiramos meleca (do bebê/boneco, que fique claro), etc, etc, etc. Pra finalizar, tivemos uma apresentação de slides com partos, probleminhas de pele que recém-nascidos podem ter, formatos meio estranhos de cabeça (o bebê nascido de parto normal sempre tem uma cabeça meio estranha, já que não é nada fácil passar uma bola de futebol por um buraco de agulha...)... Enfim, foi muito bom pra eu perder um pouco o medo, pra aprender que todo mundo aqui na Gringolândia dá banho nas crianças na cozinha (!!!), que banho em bebê recém nascido aqui é uma ou duas vezes por semana e sem sabonete (!!!), que você pode dar de mamar com seu filho numa posição de "Carregar bola de futebol americano", que chupetas são permitidas sim, desde que tenham um formato de bico-de-peito, que temperatura de recém-nascido é verificada no, você sabe, reto... e que eu tô ficando cada dia mais ansiosa pro meu filhote chegar!! :-)

segunda-feira, 7 de maio de 2007

esperando junho chegar...

protótipo do quarto do nosso molequinho

Ando meio ausente do blog. Sei disso e não fujo das minhas responsabilidades. Mas o fato é que ando às voltas com o meu assunto preferido ultimamente: bebê. É isso mesmo, quem já esteve grávida ou quem conheceu pelo menos uma grávida na vida, sabe que esse é o assunto principal. Se não o único! Assim sendo, tendo total consciência da minha chatice, tenho evitado falar sobre isso o tempo todo. Pelo menos no blog. E como o assunto ocupa todas as circunvoluções do meu cérebro, tem sido difícil escrever sobre outra coisa. Mas, enfim me rendi à minha obsessão, e estou aqui para informar meus queridos amigos e leitores sobre as últimas novidades desse assunto, ser grávida e futura mãe nos Estados Unidos.
Tem sido alguma coisa estressante não saber o nome de nada em inglês. Veja bem, não que eu não tenha um inglês razoável. E nem que Tomzinho não tenha um português excelente. Mas existem coisas, tradições, hábitos, que são difíceis de "traduzir". Exemplificando, "cueiro", o que carambola seria "cueiro" em inglês? Não sei e ninguém sabe (a verdade, é que já seria difícil pra mim em português...). Mas, depois de várias pesquisas, descobri que é um cobertorzinho levinho de flanela, vendido em qualquer esquina. Comprei pacote com 2 unidades por 4.00 dollars. Um pechincha. Outra coisa muito diferente é o quesito "lavar a roupa do bebê". Se eu estivesse no meu Brasil, varonil, sei que minha querida avozinha faria questão absoluta de lavar tudooooo na mão, com sabão de coco ou um sabão especial neutro, guardar as roupinhas em gaveta totalmente limpa com álcool e ligeiramente perfumada com alfazema ou raminhos de alecrim e envoltas em papel de seda azulado, para não amarelar. Mas aqui? Quem é que tem tanque em casa? Quem lava roupa na mão? Impossível. Assim, tive que descobrir que as pessoas lavam sim a roupinha do bebê na máquina, com sabão líquido desenvolvidos especialmente para a pele delicada deles, água quente e that`s it! Consegui, não sem algum esforço, descobrir uns vidrinhos de álcool pequenos, que servem pra limpar machucados e tal, e vou limpar as gavetas com isso, me sentindo pecando um pouco menos em relação aos meus antepassados.
Outra coisa bem diferente e que tenho que me adaptar a toque de caixa, é o pré-natal. Estou fazendo o meu na Durham Women`s Clinic, ou Clínica de Mulheres de Durham. Aqui você é atendida por uma equipe de profissionais, médicos e, principalmente, enfermeiras parteiras. Isso quer dizer que, a cada consulta você pode ser atendida por uma (ou por algumas) pessoa diferente. Isso quer dizer também que você não sabe quem vai fazer o seu parto, já que o esquema é um sistema "da vez", quem estiver no plantão quando você entrar no trabalho de parto vai com você para o hospital. Também quase não são feitas ultrassonografias, muito diferente do Brasil, onde até o sexto mês eu já tinha feito 6 ultras, uma por mês. Aqui se fazem 3, no máximo 4 durante toda a gestação. Felizmente a última enfermeira que me atendeu, muito atenciosa por sinal, achou que meu querido bebezinho é na verdade um bebezão e indicou uma ultra para ser feita na próxima quarta-feira, a fim de determinar o tamanho exato do pimpolho e surpresas serem evitadas!! Graças a Deus, já que, me corrijam mamães se eu estiver errada, é sempre maravilhoso dar uma espiadinha no desenvolvimento do seu rebento.
Mas, como esse rapazinho está vindo em tamanho GG e eu já estou me sentindo assim como uma jamanta, sexy como um paquiderme dançando balé, sempre dá um medo do parto ser um pouco antes do previsto. Não que eu não fosse gostar um pouco... acho até que me daria um certo alívio... mas ainda falta tudo! O quarto está, somente agora, começando a tomar forma de quarto. As roupinhas que já tenho ainda não estão devidamente lavadas, pelo simples fato de que a cômoda, onde serão devidamente guardadas, ainda não está pronta e pintada. Por que tão lento? Porque sou euzinha que estou pintando e, quanto mais passa o tempo, mais pesada e lenta fico... tsc tsc tsc...
Descobri uns truques que foram uma mão na roda também. Ou na parede. Ao invés de pintar tudo, escolher outra cor, combinar tonalidades e tal, resolvi o quesito "parede" com adesivos. Isso mesmo, um border auto-colante no quarto inteiro, com motivo do "Procurando Nemo" e adesivos maiores espalhados pela parede. Colorido, alegre, com muitos peixinhos e limpo. Nada de tinta e pincel. E, melhor, quando eu quiser tirar é só puxar. A tinta de baixo nem fica marcada.
Ainda falta o berço. Vamos usar o berço da família, assim como várias roupinhas e outros badulaques. Mas tudo só chega pelas mãos dos meus queridos sogros no fim do mês de maio e isso acaba me deixando um cadinho angustiada... e se nascer antes? Falta ainda o carrinho, a cadeirinha do carro, protetores para berço, edredonzinho, banheira, toalhas... Enfim, estou no período de ansiedades de fim de gravidez que acho que toda mãe deve experimentar... assim como os "treinos" do seu útero para o trabalho de parto. Dia sim, dia não, sinto contrações e sensações de "é agora!". Tudo alarme falso. Tomzinho que não é marinheiro de primeira viagem como a amiga que vos fala, só diz: "relaxa, não é a hora ainda... você não tá com cara ainda de trabalho de parto. Fica tranqüila que você vai saber!". Aí tento relaxar e fazer o que eu tenho feito nos últimos 8 meses, esperar, esperar e esperar...

música antiga na Gringolândia

Galera, agora é oficial: seu Carioca-De-Coração (se não de nascimento) vai cuidar do conjunto de música antiga da Duke University: o Collegium Musicum. O grupo tem dois concertos por ano (um por semestre), eu vou ter assisente (uma aluna da pós), e temos até um orçamento. Os programas recentes do grupo eram corais: os Dois Cariocas assistiram o concerto do Collegium algumas semanas atrás, com um moteto de J.S. Bach e motetinhos de figuras menores. Parece que os alunos do pós querem mais música instrumental. Esse Collegium já tem décadas de existência - vamos ver se o grupo tem um instrumentarium (tipo: flautas doces, krummhornen, flautas traversas renacentistas, trombones, etc.).
Coincidência: abri a capa de Early Music America, e vi uma carta de David Schulenberg, lamentando a decadência de música antiga na Carolina do Norte. Vamos ver o que dá para fazer....

aliás: tô me sentindo um celibatário no sentido musical - depois de sair do Brasil não toquei nenhuma musiquinha com ninguem. Ninguno, niemand, personne, nobody.....que saudades!

domingo, 6 de maio de 2007

Baixo Durham

A gente mora ao norte do Central Campus (até agora meio subdesenvolvido), e ao oeste de East Campus (a parte original da Duke, que se chamava Trinity, antes do dinheiro da família Duke). Hoje em dia a parte principal da universidade é o West Campus. Eu trabalho numa das duas bibliotecas do East (a minha é a de música; a outra tem como atrativo principal pra nós dois um acervo incrivel de DVDs e VHS).
Tem uma rua com vários restaurantes, lojas etc. bem perto da gente - a famigerada Ninth St. (Fato estranho é que a cidade de Durham não tem a gama completa de ruas, diferentemente de Manhattan, por exemplo, que começa com 1st St. e vai uma por uma até a PQP. Aqui no sul tem 9th e 15th, e nada mais. Só Deus sabe onde ficaram as outras.) Mas nos fims-de-semanas os alunos vão tomar umas e outras lá em Baixo Durham - Brightleaf Square. O nome vem da indústria de tabaco, base da riqueza de Durham durante muitos anos.
A gente já tinha uma amiga aqui, uma colega minha que conheci em Princeton em 1990, que fundou comigo Le Triomphe de L'Amour (ela tocava viola da gamba; agora é profesora de Materials Science na Duke). Vamos com ela observar a fauna Dukense nos bares de Brightleaf Square. Depois da Deborah ouvir tanto papo sobre Guinness (disponível no Rio só em lata) ela provou um gole da Guinness verdadeira - a pint on draft. Tem um pub estilo irlandês, o James Joyce. Mas se o James Joyce tá cheio, ao lado tem outro, mais moderninho, mas com a mesma Guinness e o mesmo preço.
Em caso de inebriação barra-pesada, a Praça Brightleaf até tem linha de ônibus que vai direto para casa......

sábado, 5 de maio de 2007

lugares (os quais dão saudades)

1. essa escada imensa que sobe de Laranjeiras até a pracinha no cruzamento de R. Alice com R. Julio Otoni

2. a escada poética que desce de Santa Teresa até Bairro de Fatima

3. a pedra estreita em cima do Bico do Papagaio, com vista ímpar e queda de centenas de metros

4. a calçada da Adega da Velha

5. o Míster dos Sucos

(vou continuar e ampliar)

quinta-feira, 3 de maio de 2007

vida no sul

Como meus amigos cariocas possívelmente sabem, sou nortista da gema - nasci no estado de Rhode Island, e cresci no estado de Massachusetts, ambos estados que fazem parte da região conhecida como Nova Inglaterra - capital cultural, Boston (também capital de Massachusetts), com muitas cidades ostentando nomes da Velha Inglaterra. Minha avó muito querida, Bertha (já falecida há mais de sete anos) era de uma família de Cape Cod (Cabo Bacalhau) com raízes que remontam ao início do século dezessete (sou primo de qualquer Cabo-Bacalhauense com família que chegou nessa epoca). Meu pai, em contraste, é quase sulista - de Washington DC, na fronteira entre as duas nações que brigaram na Guerra Civil. Ele até passou vários anos da adolescência na cidade de Richmond, Virgínia, quando o governo federal mandou alguns departamentos para lugares mais decentralizados durante a Segunda Guerra Mundial.
Eu já morei em alguns lugares nos EUA além de Nova Inglaterra: Califórnia (durante a pós-graduação) e 15 anos em Nova Jersey (estado famoso principalmente por causa dos mafiosos). O Sul, terra da escravidão, mais rural, era só lenda.
Eu cheguei, confesso, com um pouco de preconceito. Afinal das contas, a nossa cidade tinha bibliotecas públicas separadas, um sistema para brancos, um para negros. A situação era semelhante com as universades públicas. De vez em quando grupos racistas queimam cruzes para exprimir ódio racial.
Mas.....
a minha percepção, depois de um mês, é que o povo daqui, seja branco, seja negro, é muito legal. As pessoas mostram um calor humano, uma boa vontade, uma franqueza bem, mas bem diferente do comportamento das pessoas lá no norte. Deborah tá pensando que tudo que falei sobre o pessoal dos EUA era pura mentira.....

notícias

alo, alo....
tô quase no fim da quarta semana de trabalho na Duke University. A universidade tá na fase de exames - todos os alunos ralando para conseguir notas boas, alguns professores já saindo de férias para outros lugares. Minha tarefa agora é tentar me integrar ao sistema de bibliotecas, me adaptar à burocracia, conhecer os vários professores do departamento de música. Todo dia ou tomo café com alguém, almoço com outro.
Hoje, ao meio-dia, encontrei com os professores do departamento de música, no "faculty-meeting" mensal - a minha primeira vez. Há uma preocupação com o fato que, com a minha chegada, a biblioteca universitária reduziu o número de bibliotecários de música de 2 para 1 (euzinho). A biblioteca tb lida com falta de espaço, problema universal das bibliotecas (claro, as bibliotecas brasileiras, principalmente, lidam com falta de grana para comprar livros, partituras, CDs, etc.).
Fiquei feliz na semana passada ao ouvir que o departamento de idiomas estrangeiros tá querendo me convidar para dar aulas em português. Tem duas professoras de português na universidade, uma americana, outra tijucana (de Praça Saens Pena), e para ampliar o programa, elas querem que eu dê matérias em português, tipo "música popular brasileira". Vou participar tb com o Conselho de Estudos Latino-Americanos daqui.
Entonces...
vou ralando, com cansaço, mas com a sensação de que meu trabalho está sendo valorizado. Uma sensação agradável para quem sempre se sentia meio maluco por causa dessa minha mania pelo Brasil.