sexta-feira, 27 de abril de 2007

sobrevoando o Rio com Roberto Carlos - 1967

Incrível esse vídeo que Aninha me mandou. A gente consegue identificar a cidade inteira, mas toda diferente, toda antiga, toda de 1967. Dá pra ver av. Atlântica com uma pista só, Pres. Vargas sem o canteiro central, Palácio Monroe na Cinelândia. Não dá pra ver o Rio Sul, porque ainda não tinha... mas dá pra ver tanta beleza!! E como a cidade parou pra esse vôo maluco de helicóptero!!
Tomzinho se empolgou vendo e disse que queria muiiiiito estar no Rio em 1967... Eu vi o Cristo e não resisti, emendei saudades e hormônios, e deixei as lágrimas rolarem... ao som de Roberto Carlos cantando em italiano...

quarta-feira, 25 de abril de 2007

mais restaurantes

Hoje fomos comer em um restaurante tailandes chamado Thai Cafe. O ambiente é super agradável, a comida ótima. Uma boa combinação de sabores suaves, mas marcantes. Preços honestos. Decoração aconchegante e convidativa.
Tudo parece perfeito, até a gente esbarrar com um vício de comportamento de todos os restaurantes americanos, independente se você está sendo atendido com sotaque tailandês, chinês, mexicano ou sulista. O fato é que você é SEMPRE expulso do restaurante. Parece absurdo, mas é assim que acontece, obedecendo a um rígido ritual que deve ser ensinado em alguma escola do tipo "como ser garçon em 10 lições" ou "os passos importantes rumo ao sucesso do seu restaurante".
Enfim, o ritual é o seguinte:
1. Você chega no restaurante e é conduzido à sua mesa, raramente escolhendo onde quer ficar.
2. Os cardápios são entregues imediatamente assim que você chega à sua mesa.
3. A pergunta "oi, como vão?" é automaticamente emendada em "o que vão beber?"
4. Trazendo as bebidas, os nossos pedidos de comida são anotados.
5. No meio da refeição o garçon/garçonete passa e pergunta se está tudo bem.
Até aqui tudo pode parecer maravilhoso, e você começa a achar que o atendimento norte-americano é uma maravilha. Mas é justamente nesse ponto que você começa a perceber o seu engano. A pseudo-simpatia e eficiência é decorada, passo-a-passo e, contrariamente às minhas expectativas iniciais, o comportamento adquirido pelos garçons não visa uma fidelização e uma maior permanência do cliente dentro do restaurante. Indo de encontro a todas as leis capitalistas (e lembrem-se, estou aqui falando do maior símbolo do capitalismo que existe, os Estados Unidos da América), todo o esforço do staff do restaurante é que você vá embora o mais rápido possível. Por que? Tá aí um mistério que ainda não consegui resolver. Tomzinho acha que é um comportamento puramente cultural, se é que isso existe. A mim parece um modo de agir bem burro, se é que isso também existe.
Mas, voltando ao atendimento do Thai Cafe, assim que nossos pratos se esvaziaram, a mocinha voltou e perguntou se haviamos terminado. Respondemos que sim e Tomzinho ainda elogiou a comida, dizendo que estava ótima. O que concordei prontamente. Ela, então, tirou nossos pratos e voltou imediatamente com a conta. Eu que, na minha ingenuidade brasileira, achei que ela voltaria para falar sobre sobremesa e tal, fiquei com um ar perplexo e meio abobalhado. Eu tinha visto, no primeiro momento, antes dela levar e esconder os cardápios, que tinha uma sobremesa que muito estimulava os sentidos de uma grávida. Mas ela simplesmente cortou tudo. Acabou com o prazer de finalizar uma refeição. Essa coisa tão nossa de ficar na mesa, esperar um pouquinho, conversar, comer um doce, tomar um café, pensar pra onde vai depois do restaurante, pedir a conta... isso não existe aqui. A cultura fast food impera, mesmo num restaurante que, teoricamente, não teria nada de fast food. Você pode ainda pensar "ah, vai ver tinha um monte de gente esperando por uma mesa" e eu te respondo que não. O restaurante tem em torno de 30 mesas e só umas 5 estavam ocupadas.
A verdade é que, com pequenas variações de sorrisos e comportamento (no Cinellis, o nosso restaurante italiano favorito, os rapazes são muito legais, apesar de seguirem as mesmas regras), você é basicamente atendido da mesma maneira em todos os lugares. Entra, come e sai. Aliás, saia! A única exceção, até agora, foi justamente a taqueria mexicana, onde comemos calmamente, não pagamos antecipadamente (como acontece nos fast foods e nos cafés em geral) e só pedimos a conta quando deu vontade de ir embora. Do jeitinho que deve ser todo restaurante civilizado que se preze. Do jeitinho que deve ser no restaurante e na casa de qualquer latino, seja brasileiro ou hispânico. Entre, sinta-se em casa. Mi casa es su casa.

segunda-feira, 23 de abril de 2007

tacos, gracias

Hoje demos uma saída pra fazer a vistoria do carro (já sei, já sei, ninguém agüenta mais ouvir falar em carro e afins...) e, para nossa grata satisfação e meu completo deleite, passamos em frente a uma taqueria.
Para quem não sabe (e acho que eu só soube aqui mesmo) uma taqueria é um restaurante mexicano especializado em tacos e outros quitutes daquele país. Existem restaurantes mexicanos para inglês (ou gringo) ver, onde são servidos pratos apimentados, com "inspiração" mexicana, em ambiente "recriado" (tudo nos EUA sempre tem um ar meio "disneylândia", uma tentativa de se recriar atmosferas). E existem os restaurantes pra valer, onde a comida é fresca, seus fregueses são todos mexicanos e você é atendido, quando muito com um sotaque quase initeligível. Na maioria das vezes se você não souber um espanhol mínimo, esqueça. O ambiente é simples e no máximo você encontra um sombrero pendurado na parede como decoração mexicana. E, claro, os preços são absurdamentes mais baixos. Imagine que os clientes em potencial são imigrantes, na grande maioria ilegais e com almost no money pra gastar.
Assim, depois da vistoria, não resistimos e demos uma parada na taqueria. Nós éramos os únicos não mexicanos do estabelecimento, mas fomos recebidos muito bem, obrigada. O menu, os avisos, os preços, tudo tudo tudo é escrito em espanhol. Ou melhor, em "mexicano", dificultando um pouco a nossa compreensão. Muitas das palavras usadas por eles são de origem indígena e acabam soando como grego pra gente. Mas se quem tem boca vai a Roma, não seríamos nós que ficaríamos sem comer por causa de umas palavrinhas à toa. Me coloquei em frente à moça do balcão e comecei a perguntar tudo o que a gente queria saber. Em espanhol. E em inglês. E algumas palavras em português.
Existe uma quantidade absurda de recheios para os tacos. Todos com variações, digamos, meio estranhas para o meu paladar fresco. Língua, bucho, cabra... e por aí vai. Tem também de pollo, ou seja, frango, e foi nesse que Tomzinho, que de bobo não tem nada, apostou. Existe um outro tipo de prato chamado pupusa que é feito com uma massa que me parecia de milho, queijo e carne de porco. Tudo preparado em um formato de pancake. Depois de pronto, você recebe seu prato e pode se servir à vontade de uma variedade de temperos e vegetais, regando tudo com limão e o molho de sua preferência. Inútil dizer que os molhos são apimentados e que eu os classificaria como "arranca lágrimas", "faz chorar" ou "te deixa soluçando como um bebê".
Enfim, além do taco de frango do Tomzinho, cada um de nós pediu um pupusa e um refresco de abacaxi. Como não se trata de nenhum fast food e a comida é fresquinha, feita na hora, esperamos bem uns 10 minutos, até uma senhora com grau zero de inglês trazer os nossos pratos. E lá fomos nós nos servir das coberturas de temperos e tal.
Eu mandei ver num tipo de molho à campanha, com cebolas, tomates, pimentões, salsinha e, na hora eu só desconfiei, algo que parecia ser pimenta. Coloquei ainda um tipo de salada de repolho, cenoura e cebola crua, muito gostosa. Uma fatia de limão para espremer por cima de tudo. Na hora de escolher o molho esperei pacientemente até o pessoal me explicar qual era o molho mais caliente e o menos. Peguei um pouquinho de nada, só pra provar, de um molho verdinho, o que arrancou um sorriso do senhor mexicano que estava me ajudando com a descoberta dos sabores. Tomzinho, macho pra caramba, não esperou por explicação nenhuma e caiu de boca num molho vermelho, bonito e com cara de que ia arder pra cacete. Colocou um monte em cima de tudo.
Dito e feito, nunca vi meu maridinho assim. Primeiro ele disse, "não é tão forte". Mas, em seguida, vi Tom ficar vermelho, vermelho, tossir, atacar com violência e sofreguidão o refresco de abacaxi, tossir de novo e chorar. Chorou como um bebê. Ele que ama comida indiana, que ri de mim todas as vezes em que não consigo comer as suas pimentas, chorou, fungou, tossiu, chorou de novo. E disse: "porra! essa é da boa!!"
Eu sofri pouco, só no final mesmo, quando sobrou só o tal do molho à campanha com pimenta e meu refresco já tinha sido praticamente todo bebido, é que a boca começou a arder pra valer. Comemos tudo, feito gente grande. Definitivamente, o melhor da pimenta é o depois. Pagamos (10 dollars pela nossa refeição toda) e fomos para casa com as bocas ardendo, o rosto vermelho, um sorriso na cara e o coração aquecido.

o fim do sonho da carteira de motorista (ou pelo menos, o seu adiamento)

Como devidamente explicado em post anterior, andamos às voltas com carteiras pra dirigir, licenças de carro, seguros. Devo dizer que a vida estava caminhando de forma positiva nesse sentido, e que, apesar dos percalços naturais do dia-a-dia burocrático de qualquer país e cidade, as soluções estavam se descortinando:
Tomzinho conseguiu sua licença para dirigir da Carolina do Norte (com uma foto, aliás, de galã de cinema Italiano, merecendo uma publicação por aqui), fizemos a transferência de propriedade do carro pra cá e estamos resolvendo a questão "seguro obrigatório". Para tanto, Tom entrou em contato com a mesma seguradora que estava sendo paga já em Nova Jersei, só pra fazer uma transferência e pagar a diferença do que já foi pago. Bem, é aí que minha carteira de motorista começa a escorrer pelos dedos.
Para dirigir aqui na Carolina do Norte eu obrigatoriamente preciso de uma licença de motorista do estado. Acho que eu já mencionei que não são aceitas as Habilitações Internacionais, que eu facilmente teria tirado aí no Brasil. Veja bem, se morássemos em Nova Jersei, por exemplo, eu poderia usar minha habilitação brasileira sem problemas, mas aqui não. Graças a uma lei aprovada parece que no ano passado, toda essa burocracia torna-se necessária e obrigatória pra quem quer um pouco mais de mobilidade e liberdade. Preciso sim, mesmo com quase 15 anos devidamente habilitada no Rio, fazer novas provas escritas e de direção. Mas, se esse fosse o único porém, eu me submeteria de bom grado. O fato é que não é. Eu preciso que o seguro do carro também esteja no meu nome já que vou ter uma licença para dirigir. E isso é obrigatório. Só tiro a carteira se eu tiver um seguro no meu nome. Mas, o pior de tudo, é que aqui, para a legislação da Carolina do Norte, eu sou uma completa iniciante na arte de pilotar um carro. Mesmo com anos e anos de habilitação legal no Brasil. Mesmo dirigindo desde os 15 anos de idade. Mesmo dirigindo melhor do que boa parte dos americanos, que só aprendem a conduzir carros automáticos. Mesmo nunca tendo me envolvido em acidentes graves. Mesmo com todos esses mesmos eu pago o mesmo seguro que um moleque de 16 anos iniciante. Ou seja, se vamos pagar algo em torno de $700 de seguro pra Tomzinho, acrescentando meu nome o seguro triplica, passando para incríveis $2100 dollars.
O corretor nos deu ainda a opção de não fazer um seguro total. Um seguro que não cobriria possíveis prejuízos com nosso carro se nos envolvêssemos em um acidente. Cobriria apenas todas as despesas com terceiros. $1300 dollars, quase o valor total de Nova Jersei. Mas, será que vale a pena desafiar a lei de Murphy com um seguro desse...? hmmm... difícil decidir. Enfim, fizemos, a princípio, o seguro só no nome de Tomzinho. Se mudármos de idéia é só mudar tudo com o corretor. E, como ele explicou, o risco do seguro "meia-bomba" seria só durante 1 ano, já que a partir disso eu já começo a ser reconhecida como uma motorista mais experiente, menos arriscada.
Eu já estava um pouco na dúvida em relação a realizar essas provas agora, se valeria a pena voltar a dirigir justamente com essa enorme barriga entre eu e o volante. Mas seria de grande valia poder resolver as coisas sem precisar contar com a boa vontade do meu maridinho. Que se é um cara paciente e amigo, não deixa de ser homem. O que, em matéria de comprar badulaques de primeira necessidade (e aí leia-se inclusive objetos de decoração) para o quartinho de Lucas Benjamin, não deixa de ser um fator contra. Qual o homem que gosta de ficar horas olhando papel de parede e puxadores para a cômoda? Mas acho que vou acabar tendo que escolher entre gastar um monte de dinheiro com seguro, que me parece sempre uma coisa abstrata e sem forma, uma maneira de arrancar dinheiro do seu bolso, ou gastar um pouquinho mais comprando sapatinhos, brinquedos e fraldas para o meu filhote... pensando assim, a carteira de motorista que vá para o inferno. E que vá de carro.

domingo, 22 de abril de 2007

estar treque


Nós dois cariocas estamos assistindo agora a primeira temporada de Jornada nas Estrelas: A Nova Geração. Adorei quando vi pela primeira vez (começou no outono de 1987), e faz quase vinte anos que não via de novo. Claro que lembro os mínimos detalhes de cada episódio.

O que mudou nas últimas duas decadas? Eu. Agora posso ver a arte da coisa com mais distância, o que ST:TNG continuou tendo em comum com o seriado dos anos sesenta, o uso da luz, muito teatral no ST:TOS e um pouco menos expressionista no TNG. Percebo agora que na época eu tava com a idade das personagens mais jovens - Troi (nasceu em 1955), Tasha (nasceu em 1957). Riker foi um pouco mais velho (nasceu em 1952), e Picard de uma outra geração (nasceu em 1940).

E vinte anos depois? agora estou mais velho do que qualquer personagem - até três anos mais velho do que Picard. Meus ideais, entretanto, continuam aqueles de Gene Roddenberry e da Federação....

Deborah tem agora a idade que eu tinha, vendo ST:TNG pela primeira vez....
estamos gostando de vê-lo juntos, de culturas e paises diferentes.....

supermercados


Tarefa importantíssima é descobrir os melhores lugares para se comprar comida. No Rio a gente comprava nas Sendas - Voluntários, perto da Rua da Matriz, o supermercado mais perto do Morro S. Marta - sempre com cheiro ruim, mas com pão francês quente a qualquer hora. Ou no Mundial perto da praia de Botafogo, preços ótimos, mas longe demais para voltar a pé com compras na mão. De vez em quando, uma peregrinação para as Casas Pedro na Rua da Alfândega - amendoins, halewa, azeite, coisas gostosas.
Aqui na Gringolândia tem dois supermercados perto de casa. Tem o Food Lion (O Leão das Comidas), um mercado no estilo tradicional. Esse Food Lion tem sua clientela formada pela camada um pouco mais classe operária da cidade, quer dizer, mais negro, e mais latino. Mesmo assim os carros no estacionamento são bem cuidados e com pouca kilometragem. A população hispânica de Durham tem uma preponderância de Mexicanos, e assim o Food Lion tem todos os tipos de cerveja mexicana, e ate uma ala inteira de comidas latinas - feijão, refrigerantes mexicanos, etc. etc. O mercado em si não é tão bem cuidado. Não é ruim, mas é capaz de ter falta de várias coisas básicas (tipo leite), lembrando o saudoso mercado Sendas da Rua da Matriz.
Mais recentemente a gente descobriu o Whole Foods, uma empresa internacional que continua o estilo do mercadinho orgânico riponga dos anos 70. Só que agora esses hippies tem grana, e muita grana. O lugar é super-bem-transado, com comida maravilhosa e cara - todas as coisas luxuosas que o Leão das Comidas não tem - queijo importado, filet a $25 por libra (mais ou menos cem reais por kilo.....)
A gente vai mais para o mercado classe C do que esse mercado classe A.....

terça-feira, 17 de abril de 2007

segunda-feira, 16 de abril de 2007

e a saga da carteira de motorista continua...

Na última sexta-feira, Tomzinho me tirou cedo da cama, mesmo depois do incidente "Música Eletrônica Às Altas Horas Da Madrugada", com o intuito de resolvermos o item "Carteira de Motorista". Como eu expliquei antes (vide post "sexta-feira santa e chata"), Tomzinho precisa fazer a transferência do carro para o departamento de trânsito da Carolina do Norte, com placas novas e tudo, além de precisar de uma nova licença de motorista. E a ordem é a seguinte: primeiro você precisa de uma carteira daqui pra depois poder licenciar o seu carro. O meu caso já é de uma simples primeira via de carteira de motorista, já que a nossa querida Carolina não aceita carteiras de habilitação internacional. Assim sendo, eu nem me dei ao trabalho de resolver a minha renovação no Detran, novas taxas, novos exames médicos, e tal. Mas, para minha surpresa total, enquanto que pra Tomzinho a habilitação é necessária pra resolver a questão licença e seguro do carro, eu só posso tirar a minha se eu tiver um carro licenciado e segurado em meu nome também... inteligentes esses americanos, não...?
Enfim, fomos a um lugar diferente dessa vez. Um departamento em uma cidade próxima (mas nem tanto) chamada Hillsborough. Andamos bem uns 30 minutos de carro para descobrir que repartição pública é repartição pública em qualquer lugar do mundo. Descobri, ainda, que você pode ficar muitas horas numa fila. E que, com a lei de Murphy imperando nesses casos, claro que você não vai conseguir resolver tudo o que precisa numa tacada só. Além do mais, para minha infelicidade como mulher prenhuda e aos 7 meses de gestação, americanos em geral cagam se vc está grávida. Não existe nenhuma preferência em nenhuma fila, seja de banco, de mercado ou de repartições públicas, e nenhum (mas nehum mesmo) americano tem a gentileza de se levantar e te dar o lugar pra sentar. Nunca. Nem olham pra tua cara. E muito menos pra tua barriga. Isso foi chato e cansativo de ver.
Mas, depois de algum tempo esperando, uma senha pra mim e outra pra Tomzinho, nossos números foram chamados. Quer dizer, o dele foi chamado. Eu entrei junto, como havíamos combinado, mas chegando lá o sr. Funcionário Público disse que não poderíamos ser atendidos ao mesmo tempo já que teríamos que fazer alguns testes. Ok, saí e esperei (em pé) pacientemente meu número ser chamado. O que aconteceu pouco tempo depois, mas por outra pessoa e em outro guichê. Ou seja, eu ia ser atendida completamente sozinha...
Olhei pro Tom com súplica nos olhos: "O que eu faço??", ele: "Se vira, vai lá!!". Eu fui. Me sentei com meu passaporte verdinho na frente de uma enorme-negona-norte-americana-de-filme e comecei a explicar que eu precisava peloamordedeus de uma carteira de motorista da Carolina do Norte, que eu tinha visto de permanente, que eu dirigia no Brasil já mas que, sabe como é, não aceitavam minha carteira de motorista no estado. Ela séria me perguntou: "Você mora aqui?" Eu feliz com o nosso dialogo, "moro, sou residente na Carolina do Norte. Eu tenho visto de imigrante, olha aqui, ó!" E mostrei o passaporte. Ela, ainda muito séria e meio desconfiada: "você é cidadã norte-americana?" Eu, mostrando meu passaporte de novo (será que ela não viu meu passaporte verdinho???), "nãoooo, eu sou brasileira, olha, b-r-a-s-i-l-e-i-r-a! Mas preciso de uma carteira de motorista, pois vivo aqui e, olha a minha barriga, tá vendo? eu preciso dirigir, não posso ficar andando por aí". Ela, muiiiito séria, me perguntou: "Tá tudo certo, mas preciso do papel #$%@^%#&^%@. Você tem ele aí? Aquele papel #$%@^%#&^%@ que a imigração deve ter te dado." Eu, "como? pode repetir? excuse me?" Ela, já meio impaciente, "o papel #$%@^%#&^%@, da imigração, você sabe." Eu já meio com medo, arrisquei: "não me deram nenhum papel assim na imigração... acho que no meu caso não precisava disso..." Ela, "um minutinho por favor" e levantou me deixando perdida e atônita. Era agora que eu seria levada pro quartinho, interrogada, torturada e deportada. Por um momento, quase me levantei e saí correndo, mas Tomzinho no guichê próximo sorria e me deu algum alento,desviando minha atenção. Foi aí que chegou um cara com cara de chefe, muito risonho, muito simpático, mas impassível. Cheguei a pensar que teria alguma chance com ele, mas foi categórico: "precisamos do papel #$%@^%#&^%@ ou do seu green card. Tem algum dos dois aí?"
Aí eu entreguei os pontos. Toda a minha satisfação em estar conseguindo entender e ser entendida foi por água abaixo e resolvi apelar desavergonhadamente: "será que vocês esperam um minutinho...? meu marido tá no guichê ao lado e ele deve saber o que é esse tal papel... posso falar com ele?" Recebi olhares de benevolência e compreensão, eles entendiam que eu não tinha capacidade e nem inteligência suficiente pra entender o caso. Mas, pra meu desespero e pânico, tampouco Tomzinho sabia do que se tratava e ficamos combinados com os Srs. Funcionários de que voltaria lá quando meu green card chegasse. Sabe-se lá deus quando.
Por fim perguntei à minha "calorosa" atendente: "Quando eu voltar, vou ter que fazer uma prova, certo?" Ela, "É, vai. Você precisa do livro de leis de trânsito, né?" E, me olhando séria, de cima a baixo, "temos em espanhol e inglês, qual você quer?" Eu, cheguei a pensar em mico e coisa e tal, mas a essa altura do campeonato minha vergonha já tinha ido pro ralo... "Será que pode ser um de cada...? é que, sabe como é, eu sou brasileira. Não falo nem inglês e nem espanhol. Falo na verdade português!!" Essa última parte foi dita com um misto de constrangimento e orgulho. O que arrancou, pela primeira vez, um enorme sorriso da minha atendente: "Claro! E porque não?" E me deu dois manuais. E me fez ver que assumir minha brasileirice é, finalmente, o melhor caminho. Espero que no fim dos manuais eu esteja apta a tirar minha carteira e falar um espanhol e um inglês um tantinho melhor, algo que me faça entender que diabo de papel #$%@^%#&^%@ é esse afinal.

domingo, 15 de abril de 2007

comentários, por favor.....

Ô galera, se vcs passarem por aqui, deixem uns comentariozinhos de vez em quando, tá?

turismo no estado tarheel

Hoje fizemos nosso primeiro turismo no estado dos Tarheels. A gente mora no Research Triangle (Triángulo de Pesquisa), mais precisamente na Cidade de Medicina. A Universidade de Carolina do Norte (uma universidade estadual bem-conceituda) fica em Chapel Hill, uma meia-horinha de carro daqui. Com o crescimento das cidades de Durham e Chapel Hill, quase não fica região não-urbanizada entre as duas. Em contraste ao estado de Nova Jersey, que só tem suburbio, e mais nada, entre Nova Iorque e Filadelfia, as estradas daqui (highways) conseguem lidar bem com o transito - quer dizer que a gente sempre anda com velocidade de 9o km/h.
A cidade de Chapel Hill parecem bem charmosa, até mais do que a cidade pos-industrial de Durham. Fomos pro museu da UNC (Ackland Art Museum), um museu pequeno mas bem-estruturado, com obras bem escholhidas, particularmente na area da arte renascentista e barroca. O guarda era muito simpâtico, com muita informação sobre os programs do lugar, e sobre outras galerias bem perto.
Deh aproveitou da visita para comprar mais uns oculos escuros mega-plus (azuis), e como ela tava morrendo de fome (direito de mulher grávida) comemos uns bagels com cream cheese.
Bagel é um pãozinho judaico na forma de um donut. Antigamente só dava para encontrar em padaria de bairro judaico, mas virou comida dos goyim também.

sábado, 14 de abril de 2007

oops!... they did it again

Ontem Tomzinho foi pra caminha tipo às 7 da noite com o pretexto de uma soneca. Que foi esticando, esticando e virou dormir de verdade. Eu, como pessoa mais normal, fiquei acordada vendo um filme e resolvi me recolher aos meus aposentos lá pelas 11:00. Tudo muito bom, tudo muito bem se por volta de 1 da manhã os vizinhos sociopatas não começassem a ouvir aquela música bate-estaca outra vez.
Acordei. Acordamos os dois. Na verdade quando fui trazida dos meus sonhos à realidade, Tomzinho já estava desperto e futucando o computador, tentando se manter calmo e equilibrado. Eu nem tentei. Já acordei prometendo murros, favelices, escândalos, troca de insultos. Mas meu maridinho, sempre ele, estava aqui do meu lado pra (tentar) me acalmar.
Segunda a gente fala com administração de novo, disse ele. Eu indignada disse que Rá! nem pensar que eu ia dormir com aquele barulho!! Enfim, eu queria porque queria bater na barede, dar um show e tal. Tomzinho deitou outra vez, me chamou pra deitar, me abraçou, respirou calmamente comigo, disse pra eu tentar relaxar, que no pé do morro era muito mais barulhento. Era mesmo, mas por isso mesmo não incomodava, era o normal.
Enfim, passados alguns minutos, ele mesmo percebeu que seria impossível dele dormir. Se levantou e disse "vou ligar pra polícia". Confesso que sempre vi filmes americanos onde a polícia era acionada por causa de barulhos e distúrbios na vizinhaça, mas fiquei cética. Juro que não acreditei que alguma coisa fôsse melhorar. Afinal 32 anos de Rio de Janeiro e 2 anos de pé do morro te deixam completamente escaldados. Bem, os caras foram super gentis com ele no telefone e disseram que iam resolver. Eu no meu afã de barraqueira-não-saciada, fiquei me coçando pra dar uma espiadinha pela porta. Mas aqui não pode. Você tem que ficar quietinha no seu canto.
Deitamos de novo, ouvidos a postos e, pasmem!, 5 minutos depois não tinha mais música!! Nada. Silêncio absoluto. Confesso que me senti meio com remorso, quase culpada, assim como um irmão pode se sentir fazendo queixa do outro irmão aos pais. Mas há também um sentimento de prazer delicioso. A gente precisou, falou e pronto. Fomos repseitados. E aqueles que não estavam respeitando souberam que tinham que mudar de comportamento. Gostei. Dormi que foi uma maravilha. Ouvindo o delicioso som do silêncio.

sexta-feira, 13 de abril de 2007

às vezes eu odeio música...

Ontem fomos dormir relativamente cedo, algo em torno das 23:00. O soninho bateu, nos enrolamos no edredon e caímos nos braços de Morfeu. Mesmo minha, digamos, enorme barriga, não atrapalhou muito no embalo. Apenas uma musiquinha, que vinha de alguma parte do condomínio me deixou ligeiramente incomodada, mas nada que me impedisse de mergulhar no sono.
Mas, lá pelas 3:00 da matina, acordamos com a parede do quarto, onde nossas cabeças ficam praticamente encostadas, vibrando. Fazia vrom vrom vrom, e por trás disso ouviamos algo parecido com música. Eletrônica, diga-se de passagem. Veja bem, não que a música estivesse super alta, mas a vibração do baixo e o contraste com o silêncio lá de fora eram literalmente gritantes.
Não houve santo que me fizesse dormir de novo. Eu ainda estava na dúvida de onde vinha o som, se do apartamento de cima ou do lado, mas Tomzinho colou a orelha na parede e decretou: é daqui!!! Peguei um copo, emborquei na parede, meti meu ouvido coladinho e, a exemplo dos telefones de copo de iogurte que eu fazia quando criança, consegui ouvir tudo, inclusive vozes. E, só pra certeza ser completa, Tomzinho saiu porta afora (frio de 6 graus) e caminhou até a porta do vizinho. Bingo! Barulho!!
Isso durou mais um bom tempo. Finalmente Tomzinho, super bem treinado com as várias noites de muito barulho do pé do Dona Marta, apagou de novo e eu fiquei lá, olhos abertos, escuro em torno, um misto de indignação e medo. E se eu nunca mais pudesse dormir de novo??
Enfim, lá pelas 4 e tal da manhã, a música parou. Eu já estava a ponto de esmurrar a parede (só não o fiz porque Tomzinho dormia - e roncava - candidamente ao meu lado) quando se fez silêncio. Silêncio esse que quase incomodou, tamanho o espaço que a dita música ocupava em meu cérebro. Mas, respirei, respirei, bebi um gole de água, fui relaxando, relaxando e pimba! dormi de novo. Porém, para meu desespero total às 5 e pouquinho a música voltou, igualmente vibrante, igualmente chata. A mesma música acho. Ou, sabe como é, música eletrônica é tudo igual mesmo.
Dessa vez meu espírito favelesco, que até então estava ligeiramente adormecido, veio à tona e eu já queria esperar o sol nascer, horário em que pessoas-que-escutam-música-eletrônica-até-de-madrugada dormem, e ligar o meu aparelho de som, com as caixas acústicas grudadas na parede, com um jazz bem porrada, um samba bem gingado, enfim, com algo que abalasse as estruturas do prédio. E queria ver qual seria o filho-da-puta que ia conseguir dormir com isso tudo. Mas Tomzinho, meu iniciador nos assuntos e costumes norte-americanos, cortou completamente a minha onda. Disse que aqui a gente só tinha que ligar pra polícia e pronto. Eles viriam e resolveriam tudo. Ou ainda, depois do café-da-manhã, iriamos na administração do condomínio e faríamos uma queixa formal. Eles seríam notificados e pronto.
Juro que ainda tentei argumentar. Me pareceu muito mais honesto usar as caixas de som. Eles seriam punidos na mesma moeda, eu com certeza me sentiria um pouco melhor, apesar da noite mal dormida e, além de tudo, nada poderia ser dito! Eu estaria dentro do horário permitido pela lei!! Um golpe de mestre!! Já a queixa oficial sempre me dá aquela sensação de que estou dedurando alguém, que é jogar meio sujo, que é não jogar bonito... sempre preferi ser a guerreira de peito aberto do que a conspiradora secreta. E, venhamos e convenhamos, seria muito mais divertido!! Provavelmente me faria sentir um pouco mais em casa... um pouquinho mais perto do morro!!

quinta-feira, 12 de abril de 2007

com gordura ou sem gordura?

Eu não gosto de nata, sabe? Aquela coisinnha melada, um acúmulo de gordura que fica boiando no leite quando a gente ferve e esfria um pouco. Eu sempre tive que coar, tirar com a colher, enfim, não gosto mesmo. Tom sempre achou uma frescura, afinal nata é leite e leite era o que eu ia beber mesmo. Mas o assunto é que eu sempre comprei leite desnatado no Rio. Primeiro por achar mais saudável e segundo na tentativa de não encontrar mais natas no meu café-com-leite. Porém eu sempre encontrava. E sempre estive a procurar uma resposta pra isso. Pô, se o leite é desNATAdo, não era pra eu encontrar nata, certo?
As respostas que obtive sempre foram conformistas do tipo "é desnatado, mas é impossível ser 100% desnatado", ou "leite sempre vai formar uma natinha, por causa da proteína", ou ainda " você é muito fresca! fica quieta e bebe o leite!". E eu, que nem de longe peretenço à categoria das pessoas que aceitam as coisas como são e partem pra outra questão, ficava encafifada com isso, me sentindo até meio culpada em não aceitar que o leite não pode ser perfeitamente desnatado.
Mas, tchan tchan tchan..., pode sim. Eu tenho comprado leite fat free aqui, ou seja, DESNATADO, fervo o leite, e NÃO tem nata! Nunca! E, só pra que fique muito claro, nem umazinha pra contar história. O leite desnatado, com 0% de gordura, é mesmo desnatado e não tem gordura nenhuma.
Só posso dizer que, sinto muito senhores, mas o leite no Rio de Janeiro é falsificado. Resta a esperança de que as vacas também não sejam.

quarta-feira, 11 de abril de 2007

falta de sol

Aqui no estado da Carolina do Norte (que faz parte do Sul dos EUA) estamos na primavera, tem flores, passarinhos cantando, etc. etc. A cidade de Durham é muito mais bonitinha do que a capital de Nova Jersey, Trenton, essa última fodida desde a saída da classe média branca na decada dos 60. As pessoas são simpaticas, a universidade arrumadinha....
Mas tô com uma puta saudade, não tanto da Cidade Maravilhosa (Deh está com saudades do Míster dos Sucos botafoguense), mas do nosso sol tropical. Assim como o calor dos cariocas, que nem imaginei existir antes de experimentar, a intensidade da luz dos trópicos me faz falta. Tô esperando pro calor infernal daqui chegar, para me sentir em casa.
Nossa cidade de Durham fica bem ao sul, com latitude de 36 graus N, quer dizer, mais perto do equador do que qualquer cidade da Espanha, mais perto do que quase a Europa inteira, mais perto do que várias cidades da África (Túnis, por exemplo), e não muito mais longe do que várias cidades de perto do Saara. Me pergunto é como os Europeus agüentam essas vidas tão cinzentas. Frio agüento, mas falta de luz me parece mais fundamental. Também dá uma vontade de conhecer lugares equatoriais....

segunda-feira, 9 de abril de 2007

tostadinhas

No post anterior fui bem injusta com esse domingo de Páscoa. Na verdade tivemos momentos de grande emoção e excitação.
Nós compramos um forninho, desses elétricos, pra esquentar coisas, fazer biscuts, cookies, e por aí vai. E ontem foi dia de esquentar umas fatias de pão de forma. Mas o pão de forma era pão-de-batata, uma massa mais levinha e mais fácil de queimar. Disse-me Tomzinho que o forninho tá com defeito. Mas desconfio que foi um tantico de imperícia nossa na escolha da temperatura e do tempo de exposição dos pães ao calor do forninho.
Enfim, as duas primeiras fatias ficaram meio pretinhas e já fizeram Tomzinho praguejar. A casa se encheu de um aroma, digamos, de pão MUITO tostado. Nas duas seguintes rolou uma fumaça e um cheiro mais forte e, de repente, um alarme começou a tocar. Muiiiiito alto. Muiiiito assustador! A princípio pensei que fosse um alarme do forninho mas, cacete, não era possível um barulho tão alto de uma coisinha tão pequenininha. Aí nos tocamos da infinidade de badulaques que pendem do nosso teto. Um desses era um detector de fumaça, com alarme contra incêndios. Sabe como é, condomínio novo e norte-americano dá nisso...
Abrimos porta de entrada e janelas da casa, tudo correndo, vento gelado entrando, medo de pagar o maior mico da vida e chegar corpo de bombeiros pra salvar uma torrada de pão-de-batata...
O alarme parou logo. Graças a deus. Ninguém veio tentar nos salvar, o que deu um certo alívio. Mas ficou uma pergunta, pra que serve um alarme contra incêndio (que funciona muito bem, obrigada) se ninguém te salva?? E, de qualquer modo, por via das dúvidas, com medo de novos alarmes e de possíveis incêndios reais, resolvemos comer o pão-de-batata frio mesmo. Ando até passando meio de banda, meio de lado, meio sem encarar o forninho de frente... vai que ele se esquenta...? (tracadilho irresistível...).

páscoa

Tentamos, ontem, comprar novos cabides no Wal-mart (aquele mercado enorme que tem uma filial bem do lado do Barrashopping). Estava fechado. Por causa da Páscoa.
Tentamos comprar os parafusos que faltam para armar o estrado do futon. Fomos a outra loja gigante de materiais de construção e bricolagem. Fechada uma hora mais cedo. Por causa da Páscoa.
E no Brasil, que é dito um país católico, religioso, cheio de crendices, posso apostar que tudo estava aberto. Todos os shoppings, todas as grandes lojas, todo mundo que quer e precisa ganhar dinheiro estava trabalhando. Como eu disse ao Tomzinho, existem muitos feriados no Brasil. Todos oficiais. Mas poucos são levados muito a sério no Rio. Os únicos que realmente "fecham a rua" são Natal, Ano Novo e Carnaval. De resto você não vai deixar de comprar seus ovos de útlima hora porque o Wal-mart virou um centro de referência religiosa e fechou as portas na Páscoa.
Enfim, esse domingo eu senti fundo. Senti um misto de "síndrome do domingo à tarde", com tédio de feriado, com saudades de casa, com um vazio de cidade pequena, com frio nos ossos, com "passar a Páscoa sem amigos ou familiares" e, principalmente, com uma frustração grande por não ter conseguido meus cabides. Mais um dia sem por ordem no closet. Ainda bem que meu marido estava comigo. Ainda bem que ele sempre está!

domingo, 8 de abril de 2007

todo mundo se encontra no mercado

Conheci as primeiras brasileiras no mercado hoje. Estávamos na sessão de frios e escutei, bem do meu ladinho, uma língua que eu entendia tudinho, sem o menor esforço. Foi tão confortável que por um momento rápido demorou a cair a ficha do que estava acontecendo. Era português que elas estavam faladando!! Eu me virei, olhei pra elas e uma me disse: "Hi!". Eu respondi, totalmente no automático: "Oi!". Foi o suficiente pro papo engrenar, rolar uma troca de telefones, de email, dicas de eventos e encontros de brasileiros. Descobri que a comunidade não é muito grande, mas é bastante unida, que vai ter um batizado de capoeira no próximo sábado, que rola um encontro mensal dos brasucas da região Durham/Raleigh/Chapel Hill. Fiquei feiz. Voltei pra casa com o maior sorrisão no rosto. Enfim, não estou mais tão sozinha assim.

sábado, 7 de abril de 2007

sexta-feira santa e chata

Esse país é realmente um país estranho. A começar pelo fatos de que no fundo, no fundo, se trata de uma aglomeração de um monte de paizinhos, os chamados Estados Unidos. Sendo assim, se você tem sua carteira de motorista emitida pelo estado de Nova Jersei (como é o caso do Tomzinho), você só pode dirigir em outro estado como visitante. A partir do momento que você efetivamente se muda e começa a trabalhar, pasme, a emissão de uma nova carteira de motorista é necessária. E isso quer dizer fazer novas provas e testes. Com a licença do carro é basicamente a mesma coisa, você precisa pagar novo imposto, novo seguro e re-emplacar o carro no novo estado (no nosso caso, a Carolina do Norte). E isso sem falar na enormidade de leis diferentes de um estado pra outro, que vai desde assuntos como a pena de morte até a ilegalidade/legalidade de se vender vibradores para mulheres solitárias.
Enfim, dia 6 de abril, sexta-feira santa, feriado assumido no Brasil e completamente escamoteado por aqui, resolvemos ir tratar do assunto habilitação. O primeiro passo foi descobrir onde deveríamos ir. E não pense que se trata de assunto fácil. Nada que seja oficial fica perto dos centros urbanos, sedo necessárias incursões em grande freeways, highways, rodovias, todas com números e direções norte/sul, leste/oeste. Acho que é um teste de paciência, perspicácia e inteligência, uma forma de realizar uma seleção natural de quem pode ou não dirigir na Carolina do Norte. Conseguimos chegar, não sem algum esforço, um mapa e vários minutos de estrada, a um shoppingzinho no meio do nada. Estávamos felizes com a realização, já avistávamos o letreiro da loja do Departamento de Licenças para Dirigir da Carolina do Norte! Estacionamos o carro, caminhamos alguns metros (num frio de mais ou menos 5 graus) e, surpresa!!, um aviso na porta!! O departamento havia se mudado para outro endereço. Desde dezembro. Graças a um senhor oriental, com um sotaque quase initeligível, conseguimos as coordenadas para o novo endereço (que não estava escrito no aviso, claro). O dito senhor acrescentou, ainda, que ele tem prestado esse "serviço" de informações aos desavisados que chegam por lá. E são muitos.
Bem, não nos demos por vencidos. Depois de vários palavrões disparados por meu querido maridinho, partimos pro endereço fornecido pelo senhor oriental. Nos perdemos um pouco, entramos em umas duas ruas erradas, andamos mais uns quase 15 minutos e, voilá!, chegamos finalmente. Sorriso de satisfação pela conquista estampado no rosto, estacionamos o carro e, mais uma vez, caminhamos pelo pátio do shoppingzinho (tudo fica em um shoppingzinho na PQP), com temperaturas de bater queixo e, chegando na porta do dito departamento, outro aviso: fechados por motivo RELIGIOSO. Era a tal da sexta-feira santa, que a gente já tá careca de saber que é feriado no Brasil. Mas que aqui, não é. Tudo estava aberto. Mas tudo mesmo! O único lugar fechado era um departamento oficial.
Me fez pensar, finalmente, que país é esse. Quem disse que o Brasil é um país desorganizado, sem leis, totalmente imprevisível? Pois não é não. Quando se diz que é feriado, é porque é mesmo. Quando não é feriado, não é! Você até pode ser atendido por um funcionário mal-humorado, rabugento, irritado. Mas, salvo exceções, funcionário público é assim mesmo em qualquer lugar do mundo. Inclusive aqui. Só que no Brasil eles trabalham. Ou, pelo menos, fingem. Aqui, nem isso!

quinta-feira, 5 de abril de 2007

café na Gringolândia

O assunto "café na Gringolândia" merece um post próprio. Eu já venho falando da minha constante surpresa com o, digamos, tamanho das coisas aqui. Não me levem nem um pouco a mal, sem nenhum trocadilho barato e chulo, mas tudo é muito maior aqui do que é no Brasil. Os carros, o tamanho das embalagens de cereal, leite, refrigerante... Cada vez que me perguntam qual o tamanho do que quero comer ou beber, peço rapidamente o small/pequeno que é, de longe, muito maior do que o médio brasileiro.
Mas o café me intrigava. Os americanos bebem uns baldes de café, umas coisas com 500 ml de café, sem açúcar. Quando muito, com creme ou leite. Enfim, eu pensava que esses caras deviam ser muito machos mesmo, pra beber tanto café, numa tacada só e ainda parecerem normal...
Até que tomei meu primeiro café na rua com Tomzinho. Rá! Café uma pinóia!! Não dá nem pra chamar de chafé! É uma água suja, na maioria das vezes aromatizado com avelãs ou amêndoas (irchhh), com um sabor que nem de longe lembra o que nós brasileiros sortudos conhecemos como café de verdade. Ai ai... mais uma saudade... cafezinho de boteco... média em pé no balcão da padaria... Resta fazer o café em casa (e tentar achar um pó de café com personalidade) ou tomar café espresso na rua. E desconfiar de tudo que é grande aqui! Tamanho, definitivamente, não é documento.

frustação, bifes e waffles

E a vida continua por aqui. Com muitas caixas de papelão, muitos cds e livros. Muitos sapatos e camisas. Todos do Tomzinho, claro. Os últimos dias têm sido de muito trabalho desde que acordamos até a hora de dormir.
Hoje tomamos nosso primeiro café da manhã em casa. Já tinhamos tentado isso antes, mas o café que Tomzinho tinha comprado veio em lata e não tinhamos um abridor de latas em casa. Então, apesar de termos providenciado com certa rapidez a cafeteira, o café da manhã só saiu hoje. Decidimos de manhã fazer uma visita ao mercado Food Lion e comprar umas coisinhas, e entre elas o abridor de latas. Aliás, hoje foi dia do nosso primeiro almoço em casa também e, pasme, rolou um feijão com arroz!! feijão preto e arroz branco, que fique claro!! bem, claro que não temos uma panela de pressão e, sendo assim, o nosso feijão ficou cozinhando durante pelo menos umas duas horas... mas valeu a espera. Ficou uma delícia, com gostinho de casa. E ainda sobrou um monte pra congelar.
Mas nem tudo foi um mar de rosas nesse lar. Primeiro tive uma briga feia com um desses aparelhos de picar tempero. Eu podia muito bem ter picado tudo na mão, normalmente, como sempre fiz, mas queria testar o dito aparelho. Porém, depois de anos guardado, o funcionamento não está lá grande coisa. Depois de uma luta ferrenha, um corte no dedo mindinho, vários palavrões (em português e inglês) consegui, finalmente, cebolas e alho picado. Além disso, Tomzinho comprou uma carne de fazer bife. Mas eu jurava que era carne moída. Isso porque ela era uma dessas carnes super batidas, sabe? Toda massacradinha... enfim, parecia carne moída. Preparei tudo pra fazer uma meio jardineira e eis que quando tiro a carne da embalagem, ploft, era inteira!! Fiquei lá, meio apatetada olhando pra panela sem saber o que fazer. A essa altura eu já estava exausta e faminta e só queria que tudo desse certo. Pra completar o quadro Tomzinho chega e faz um comentário qualquer do tipo: "Deus! Será que você não viu que era bife??" Claro que foi o suficiente pra eu me sentir uma completa idiota fracassada. Aliando cansaço, hormônios, peso excessivo, dor nas pernas, saudade do Rio, o resultado foi um rio de lágrimas no meio da cozinha. Felizmente durou pouco, consegui salvar a carne e fazer um refogado com os legumes e, voilá!, tivemos um almoço ótimo.
O lanche da tarde também não foi muito fácil. A diferença estava apenas no meu humor, um tantico melhor. Resolvi, como boa aprendiz dos costumes norte-americanos, fazer waffles. Tomzinho comprou um mix do tipo "acrescente-água-óleo-mexa-e-pronto", eu já tinha previamente limpado o grill-de-fazer-waffles (waffle iron) e segui para os finalmentes. Misturei tude, liguei o iron na tomada, despejei o creminho dentro, cantei com o DVD da Maria Rita enquanto esperava, fiz café e quando abro o grill, surpresa!, maçaroca de waffle! tudoooooo grudado! uma coisa linda...
Como sou muito teimosa, não me dei por vendida. Limpei tudo (demorei uns 30 minutos nisso), aprendi que eu tinha que esperar a luz ficar verde antes de colocar a massa do waffle e que tinha que untar tudo pra não grudar. Tive que aprender a não falar uns palavrões pro Tom enquanto ele se acabava de rir e no fim das contas consegui comer os meus primeros waffles! Já tenho o que fazer no café da manhã! Se bem que daria meu reino por um pãozinho francês... É, tem coisas que são insubstituíveis.

terça-feira, 3 de abril de 2007

papelão e a volta dos acentos e tils

Vista da janela de casa e da sala (tremida e sem flash), ainda sem os (milhares) de móveis










Meu povo querido, compatriota e amigo!
Como Tomzinho disse, chegamos! Finalmente, eu diria. Depois de uma semana de viagens, andanças, cansaços, pés muiiito inchados, estamos no novo apartamento.
Chegamos aqui depois de sair do Rio em um vôo Rio/Miami de 8 horas e uns quebrados, mais uma espera de 4 horas para pegar outro vôo para Philadelphia, no qual ficamos mais 2 horas e 40 minutos, além de mais 1 hora de van até a casa do Alvin.
Lá no Alvin foram 5 dias de arrumações e burocracias com o carro, a mudança, meu Social Security Number... Na sexta-feira os caras da mudança chegaram e meteram todas as nossa coisas no caminhão. Quer dizer, todas as coisas não... sobraram algumas pra gente levar... no sábado, metemos o pé na estrada novamente, com o carro ABARROTADO de coisas, um futon no banco de trás e um espacinho de movimentação mínimo para minhas pernas no banco da frente. Tomzinho se deu melhor, já que tinha que dirigir e precisava de um pouco mais de espaço pra isso... Rumamos já em direção ao sul, mas com uma parada de 2 noites na casa da nossa querida amiga Ruth van Baak Griffioen, que já esteve no Rio fazendo concerto com Tomzinho. Ela mora com o marido e os filhos numa cidadezinha turística colonial no estado da Virginia, chamada Williamsburg. Tudo ótimo se a viagem, que era pra durar 5 horas e meia, não tivesse durado mais de 8, por causa de um engarrafamento monstro de mais de 100 km. A causa? Nenhum acidente, não era hora do rush num dia útil, nem era área realmente urbana... eram apenas os subúrbios de Washington e Richmond... o problema todo é que esse povo daqui tem muiiiiiitos carros (alguns enormes como o Hummer... hehehe), a gasolina é muiiiiito barata e ninguém, mas absolutamente ninguém faz nada a pé!! Não é pra menos que os EUA é o maior emissor de poluentes do mundo.... Mais irritada com essa viagem, impossível!
Enfim, a estadia na casa de Ruth foi deliciosa e, para meu deleite, depois de tantos dias, eu almocei comida de panela, sabe? Comida de verdade feita em casa!! Deliciosa!! Na casa do Alvin e do Gary nunca se vê fumaça e, com essa falta de hábito de cozinhar, fica difícil a gente ir pra cozinha, pois faltam todos os temperos, utensílios, panelas... mas a comidinha da Ruth valeu a espera!!
Na segunda-feira (ontem) acordamos cedo, tomamos um café-da-manhã bastante agradável com Ruth e partimos para a última parte da nossa jornada. Mapa do Google Map impresso na mão, um dia lindo pela frente, todas as cores da primavera se descortinando pra mim (uma novidade enorme pra quem sempre viveu num país e numa cidade pra lá de tropical) e toda uma expectativa de vida nova. E eis que, 3 horas e 20 minutos depois, chegamos em Durham.
Viemos direto para o apartamento, assinamos um monte de papéis, recebemos chaves, regulamento de como funciona o condomínio, a piscina (tem um aviso de que você não pode usar nada, digamos, quase-nua-fio-dental-ipanema), a correspondência, a sala de musculação, os horários do que pode e do que não pode, mapa da região, telefones úteis como pizzaria (Domino`s, com talãozinho de desconto e tudo), eletricista, TV a cabo... bla bla bla. Americano adora papéis, regras e horários. Dá até nervoso e saudade da total ilegalidade dos milhões de decibéis que o cara vendendo sorvete gritava embaixo da minha janela em Botafogo: "meninos e meninas!! moças e rapazes!! senhoras e senhores!! um potão de sorvete só vai pagar 1 real!!!!!!!!!!" Enfim, nostalgias à parte, parece ser um bom lugar pra se viver. Mas, o melhor de tudo, foi quando descobrimos que mesmo sem telefone, sem TV, sem comida, sem móveis dentro de casa, temos internet banda larga em pleno funcionamento!!! Foi o suficiente para nos sentirmos completamente à vontade.
E assim estou eu aqui de volta ao velho mac, onde eu sei onde estão todos os acentos e tils (mesmo que às vezes eu não saiba muito como e onde usá-los), sentada numa caixa de papelão com um travesseiro em cima, postando as novidades da Gringolândia. Ih, tenho que ir, os caras da mudança chegaram e, pelo jeito, tá começando um longo dia de trabalho...

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Chegamos em NC

Chegamos hoje em Durham, Carolina do Norte. Nossas coisas chegarão amanhã. Blogaremos mais depois de arrumar o nosso apartamento novo um pouquinho......