segunda-feira, 23 de abril de 2007

tacos, gracias

Hoje demos uma saída pra fazer a vistoria do carro (já sei, já sei, ninguém agüenta mais ouvir falar em carro e afins...) e, para nossa grata satisfação e meu completo deleite, passamos em frente a uma taqueria.
Para quem não sabe (e acho que eu só soube aqui mesmo) uma taqueria é um restaurante mexicano especializado em tacos e outros quitutes daquele país. Existem restaurantes mexicanos para inglês (ou gringo) ver, onde são servidos pratos apimentados, com "inspiração" mexicana, em ambiente "recriado" (tudo nos EUA sempre tem um ar meio "disneylândia", uma tentativa de se recriar atmosferas). E existem os restaurantes pra valer, onde a comida é fresca, seus fregueses são todos mexicanos e você é atendido, quando muito com um sotaque quase initeligível. Na maioria das vezes se você não souber um espanhol mínimo, esqueça. O ambiente é simples e no máximo você encontra um sombrero pendurado na parede como decoração mexicana. E, claro, os preços são absurdamentes mais baixos. Imagine que os clientes em potencial são imigrantes, na grande maioria ilegais e com almost no money pra gastar.
Assim, depois da vistoria, não resistimos e demos uma parada na taqueria. Nós éramos os únicos não mexicanos do estabelecimento, mas fomos recebidos muito bem, obrigada. O menu, os avisos, os preços, tudo tudo tudo é escrito em espanhol. Ou melhor, em "mexicano", dificultando um pouco a nossa compreensão. Muitas das palavras usadas por eles são de origem indígena e acabam soando como grego pra gente. Mas se quem tem boca vai a Roma, não seríamos nós que ficaríamos sem comer por causa de umas palavrinhas à toa. Me coloquei em frente à moça do balcão e comecei a perguntar tudo o que a gente queria saber. Em espanhol. E em inglês. E algumas palavras em português.
Existe uma quantidade absurda de recheios para os tacos. Todos com variações, digamos, meio estranhas para o meu paladar fresco. Língua, bucho, cabra... e por aí vai. Tem também de pollo, ou seja, frango, e foi nesse que Tomzinho, que de bobo não tem nada, apostou. Existe um outro tipo de prato chamado pupusa que é feito com uma massa que me parecia de milho, queijo e carne de porco. Tudo preparado em um formato de pancake. Depois de pronto, você recebe seu prato e pode se servir à vontade de uma variedade de temperos e vegetais, regando tudo com limão e o molho de sua preferência. Inútil dizer que os molhos são apimentados e que eu os classificaria como "arranca lágrimas", "faz chorar" ou "te deixa soluçando como um bebê".
Enfim, além do taco de frango do Tomzinho, cada um de nós pediu um pupusa e um refresco de abacaxi. Como não se trata de nenhum fast food e a comida é fresquinha, feita na hora, esperamos bem uns 10 minutos, até uma senhora com grau zero de inglês trazer os nossos pratos. E lá fomos nós nos servir das coberturas de temperos e tal.
Eu mandei ver num tipo de molho à campanha, com cebolas, tomates, pimentões, salsinha e, na hora eu só desconfiei, algo que parecia ser pimenta. Coloquei ainda um tipo de salada de repolho, cenoura e cebola crua, muito gostosa. Uma fatia de limão para espremer por cima de tudo. Na hora de escolher o molho esperei pacientemente até o pessoal me explicar qual era o molho mais caliente e o menos. Peguei um pouquinho de nada, só pra provar, de um molho verdinho, o que arrancou um sorriso do senhor mexicano que estava me ajudando com a descoberta dos sabores. Tomzinho, macho pra caramba, não esperou por explicação nenhuma e caiu de boca num molho vermelho, bonito e com cara de que ia arder pra cacete. Colocou um monte em cima de tudo.
Dito e feito, nunca vi meu maridinho assim. Primeiro ele disse, "não é tão forte". Mas, em seguida, vi Tom ficar vermelho, vermelho, tossir, atacar com violência e sofreguidão o refresco de abacaxi, tossir de novo e chorar. Chorou como um bebê. Ele que ama comida indiana, que ri de mim todas as vezes em que não consigo comer as suas pimentas, chorou, fungou, tossiu, chorou de novo. E disse: "porra! essa é da boa!!"
Eu sofri pouco, só no final mesmo, quando sobrou só o tal do molho à campanha com pimenta e meu refresco já tinha sido praticamente todo bebido, é que a boca começou a arder pra valer. Comemos tudo, feito gente grande. Definitivamente, o melhor da pimenta é o depois. Pagamos (10 dollars pela nossa refeição toda) e fomos para casa com as bocas ardendo, o rosto vermelho, um sorriso na cara e o coração aquecido.

Um comentário:

Giselle Rocha disse...

...gostei das novas fotos do flickr!!
continuem postando ;)
bjus em vcs e fiquem c Deus!