sábado, 7 de abril de 2007

sexta-feira santa e chata

Esse país é realmente um país estranho. A começar pelo fatos de que no fundo, no fundo, se trata de uma aglomeração de um monte de paizinhos, os chamados Estados Unidos. Sendo assim, se você tem sua carteira de motorista emitida pelo estado de Nova Jersei (como é o caso do Tomzinho), você só pode dirigir em outro estado como visitante. A partir do momento que você efetivamente se muda e começa a trabalhar, pasme, a emissão de uma nova carteira de motorista é necessária. E isso quer dizer fazer novas provas e testes. Com a licença do carro é basicamente a mesma coisa, você precisa pagar novo imposto, novo seguro e re-emplacar o carro no novo estado (no nosso caso, a Carolina do Norte). E isso sem falar na enormidade de leis diferentes de um estado pra outro, que vai desde assuntos como a pena de morte até a ilegalidade/legalidade de se vender vibradores para mulheres solitárias.
Enfim, dia 6 de abril, sexta-feira santa, feriado assumido no Brasil e completamente escamoteado por aqui, resolvemos ir tratar do assunto habilitação. O primeiro passo foi descobrir onde deveríamos ir. E não pense que se trata de assunto fácil. Nada que seja oficial fica perto dos centros urbanos, sedo necessárias incursões em grande freeways, highways, rodovias, todas com números e direções norte/sul, leste/oeste. Acho que é um teste de paciência, perspicácia e inteligência, uma forma de realizar uma seleção natural de quem pode ou não dirigir na Carolina do Norte. Conseguimos chegar, não sem algum esforço, um mapa e vários minutos de estrada, a um shoppingzinho no meio do nada. Estávamos felizes com a realização, já avistávamos o letreiro da loja do Departamento de Licenças para Dirigir da Carolina do Norte! Estacionamos o carro, caminhamos alguns metros (num frio de mais ou menos 5 graus) e, surpresa!!, um aviso na porta!! O departamento havia se mudado para outro endereço. Desde dezembro. Graças a um senhor oriental, com um sotaque quase initeligível, conseguimos as coordenadas para o novo endereço (que não estava escrito no aviso, claro). O dito senhor acrescentou, ainda, que ele tem prestado esse "serviço" de informações aos desavisados que chegam por lá. E são muitos.
Bem, não nos demos por vencidos. Depois de vários palavrões disparados por meu querido maridinho, partimos pro endereço fornecido pelo senhor oriental. Nos perdemos um pouco, entramos em umas duas ruas erradas, andamos mais uns quase 15 minutos e, voilá!, chegamos finalmente. Sorriso de satisfação pela conquista estampado no rosto, estacionamos o carro e, mais uma vez, caminhamos pelo pátio do shoppingzinho (tudo fica em um shoppingzinho na PQP), com temperaturas de bater queixo e, chegando na porta do dito departamento, outro aviso: fechados por motivo RELIGIOSO. Era a tal da sexta-feira santa, que a gente já tá careca de saber que é feriado no Brasil. Mas que aqui, não é. Tudo estava aberto. Mas tudo mesmo! O único lugar fechado era um departamento oficial.
Me fez pensar, finalmente, que país é esse. Quem disse que o Brasil é um país desorganizado, sem leis, totalmente imprevisível? Pois não é não. Quando se diz que é feriado, é porque é mesmo. Quando não é feriado, não é! Você até pode ser atendido por um funcionário mal-humorado, rabugento, irritado. Mas, salvo exceções, funcionário público é assim mesmo em qualquer lugar do mundo. Inclusive aqui. Só que no Brasil eles trabalham. Ou, pelo menos, fingem. Aqui, nem isso!

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