sexta-feira, 13 de abril de 2007

às vezes eu odeio música...

Ontem fomos dormir relativamente cedo, algo em torno das 23:00. O soninho bateu, nos enrolamos no edredon e caímos nos braços de Morfeu. Mesmo minha, digamos, enorme barriga, não atrapalhou muito no embalo. Apenas uma musiquinha, que vinha de alguma parte do condomínio me deixou ligeiramente incomodada, mas nada que me impedisse de mergulhar no sono.
Mas, lá pelas 3:00 da matina, acordamos com a parede do quarto, onde nossas cabeças ficam praticamente encostadas, vibrando. Fazia vrom vrom vrom, e por trás disso ouviamos algo parecido com música. Eletrônica, diga-se de passagem. Veja bem, não que a música estivesse super alta, mas a vibração do baixo e o contraste com o silêncio lá de fora eram literalmente gritantes.
Não houve santo que me fizesse dormir de novo. Eu ainda estava na dúvida de onde vinha o som, se do apartamento de cima ou do lado, mas Tomzinho colou a orelha na parede e decretou: é daqui!!! Peguei um copo, emborquei na parede, meti meu ouvido coladinho e, a exemplo dos telefones de copo de iogurte que eu fazia quando criança, consegui ouvir tudo, inclusive vozes. E, só pra certeza ser completa, Tomzinho saiu porta afora (frio de 6 graus) e caminhou até a porta do vizinho. Bingo! Barulho!!
Isso durou mais um bom tempo. Finalmente Tomzinho, super bem treinado com as várias noites de muito barulho do pé do Dona Marta, apagou de novo e eu fiquei lá, olhos abertos, escuro em torno, um misto de indignação e medo. E se eu nunca mais pudesse dormir de novo??
Enfim, lá pelas 4 e tal da manhã, a música parou. Eu já estava a ponto de esmurrar a parede (só não o fiz porque Tomzinho dormia - e roncava - candidamente ao meu lado) quando se fez silêncio. Silêncio esse que quase incomodou, tamanho o espaço que a dita música ocupava em meu cérebro. Mas, respirei, respirei, bebi um gole de água, fui relaxando, relaxando e pimba! dormi de novo. Porém, para meu desespero total às 5 e pouquinho a música voltou, igualmente vibrante, igualmente chata. A mesma música acho. Ou, sabe como é, música eletrônica é tudo igual mesmo.
Dessa vez meu espírito favelesco, que até então estava ligeiramente adormecido, veio à tona e eu já queria esperar o sol nascer, horário em que pessoas-que-escutam-música-eletrônica-até-de-madrugada dormem, e ligar o meu aparelho de som, com as caixas acústicas grudadas na parede, com um jazz bem porrada, um samba bem gingado, enfim, com algo que abalasse as estruturas do prédio. E queria ver qual seria o filho-da-puta que ia conseguir dormir com isso tudo. Mas Tomzinho, meu iniciador nos assuntos e costumes norte-americanos, cortou completamente a minha onda. Disse que aqui a gente só tinha que ligar pra polícia e pronto. Eles viriam e resolveriam tudo. Ou ainda, depois do café-da-manhã, iriamos na administração do condomínio e faríamos uma queixa formal. Eles seríam notificados e pronto.
Juro que ainda tentei argumentar. Me pareceu muito mais honesto usar as caixas de som. Eles seriam punidos na mesma moeda, eu com certeza me sentiria um pouco melhor, apesar da noite mal dormida e, além de tudo, nada poderia ser dito! Eu estaria dentro do horário permitido pela lei!! Um golpe de mestre!! Já a queixa oficial sempre me dá aquela sensação de que estou dedurando alguém, que é jogar meio sujo, que é não jogar bonito... sempre preferi ser a guerreira de peito aberto do que a conspiradora secreta. E, venhamos e convenhamos, seria muito mais divertido!! Provavelmente me faria sentir um pouco mais em casa... um pouquinho mais perto do morro!!

2 comentários:

Tom Moore disse...

e hje estao fazendo isso de novo....

Crítico Floripa disse...

Caraca!
Tenta usar a famosa "politica da boa vizinhança" tolarar faz parte, pois vc um dia pode exaltar tambem!

Mas gostei da parte: ..."prefiro ser uma guerreira de peito aberto do que uma conquistadora secreta..." boa!

Abraços