quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Com pimenta

A vida do solteiro tem algumas vantagens. Enquanto a Deh e o Lucas Ben estao fora de casa, posso me alimentar com as comidas que eu gosto, e ela nao, principalmente comida indiana com PIMENTA. Em muitos aspectos sou carioca, mas nisso sou bem baiano. Ontem fui pra lojinha de coisas indianas, e comprei uns dez pacotes dessas comidas que vem prontas - eh so esquentar e comer. Detalhe interesante: no pacote diz: "com tecnologia desenvolvida pelo Defense Food Research Laboratory". Quer dizer: eu estou comendo as mesmas comidas que o pracinha indiano come.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Boa Viagem!

Deborah e Lucas estao voando hoje para Rio de Janeiro. Sairam do aeroporto RDU as 17:40. Boa viagem, queridos!

domingo, 16 de setembro de 2007

concerto

Oi gente, desculpe a falta de posts aqui. Estamos preparando para a ida da Deborah e do Lucas para o Rio. Tambem tinha um concerto na NC State (com musica do Serginho) para preparar. O concerto, quinta passada na serie Arts Now, atraiu uma plateia de quase 90 pessoas, todos jovens. Toquei bem (modestia a parte), e depois falei bastante com alunos entusiasmados pela musica do Sergio, com muitas perguntas.

A resenha do concerto esta aqui: http://www.cvnc.org/reviews/2007/092007/ArtsNow.html.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Bi-continental

Conseguimos! agora o Lucas Benjamin Camara Freire Moore tem dois pasaportes - brasileiro e americano. Quer dizer que em breve ele vai conhecer a outra patria, voando (com a Deborah) para a Cidade Maravilhosa para conhecer parentes e amigos.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Oba!

Depois de meses e meses de estudar a flauta sozinherrimo,
pintou um concerto de repente, e até com cache - fui convidado
a tocar no primeiro evento do Arts Today na NC State, em Raleigh -
musica para flauto solo, claro, inclusive as bagatelas do Serginho.
Dia 13 de setembro, 7 horas.

Linque:
http://www.ncsu.edu/music/events/index.html

domingo, 19 de agosto de 2007

parindo, vivendo e aprendendo.

Essa história de estar em país novo e ser mãe ensina muita coisa, sabe? Deveria ser uma experiência obrigatória para muita gente. Por exemplo, eu tô aprendendo que, não importa a nacionalidade, todo mundo adoraaaaa bebê. Todo mundo quer pegar, segurar, fazer cafuné. Só não sei porque as pessoas insistem em pegar direto na mãozinho do meu filhote, com a mão vinda sei lá de onde e com que micróbios. Justamente na mãozinha fofa e pequena que ele vive colocando na boca... Mas, aprendi também, que é muito difícil, tendo uma vida socialmente ativa, impedir que isso aconteça. A menos que você deseje ser conhecida como a brasileira-psicopata-antipática, o jeito é respirar fundo e (tentar) relaxar.
Outras coisas muito úteis que tenho aprendido é a comer comida fria, tomar café-da-manhã só de vez enquando (infelizmente não, isso não está me fazendo perder peso), dormir ao estilo Leornardo da Vinci (15 minutos a cada hora), tomar banho, fazer número 1 e número 2 só depois que meu filhote estiver dormindo (e rápido). Aprendi a tomar café e sopa gelados e suco de laranja e coca-cola quentes. Aprendi que os bebês têm um sensor, algo que indica com precisão a hora em que vc tá no meio de um telefonema importante, ou que tá com uma comida queimando no fogo ou, ainda, quando está pensando em lavar os cabelos, pra começar a chorar desesperadamente querendo mamar. Aprendi também a parar qualquer coisa que eu estiver fazendo quando sou solicitada por esse serzinho.
Além disso, aprendi que muito cedo os filhos reconhecem os pais, dão enormes sorrisos pela manhã e te fazem se sentir a pessoa mais feliz do mundo, mesmo sem ter muito tempo para depilar as axilas e as pernas, fazer as unhas dos pés ou arrumar os cabelos. Mesmo sem conseguir assistir a um concerto inteiro sem ter que sair para dar de mamar no meio (e evitar os gritos insandecidos do seu rebento), mesmo que vc tenha que limpar cocôs enormes, daqueles que sujam até as orelhas, justamente quando vc está na clínica, no shopping ou na casa de algum amigo sem filhos. Apesar disso tudo vc se sente amada e amando. Se sente especial pra caramba. Se sente importante porque do teu peito sai o leite que tá fazendo esse moleque crescer. Se sente a pessoa mais sortuda do mundo por ter assim uma família tão especial.

sábado, 18 de agosto de 2007

amanha de manha... vou servir o cafe pra nos dois...

Ando meio sumida, eh verdade. Isso tudo porque tenho trabalhado bastante cuidando do filhote. E isso inclui acordar de madrugada para dar de mamar. Felizmente, Lucas eh um bom rapaz, um filho exemplar, e geralmente soh me acorda uma vez durante toda a madrugada. Seguindo a linha familiar, eu sou uma boa esposa. Sendo assim, saio de perto do meu maridinho, que dorme feito um anjo (ou uma pedra, para ser mais precisa) e vou amamentar no quarto do Lucas. Assim Tom pode dormir tranquilo e ir livre, leve e solto, trabalhar no dia seguinte. Claro que eu nao sou 100% desprendida e altruista. Quando eu saio do circuito, tambem estou tentando garantir umas horas a mais de sono durante a manha. Tom, que acorda cedo pra caramba, pode ficar livre pra fazer os barulhos que quiser. E eu fico lah, quietinha, dormindo na cama do quarto do Lucas.
Mas ontem ele exagerou um pouco nos barulhos que fez. Lucas acordou por volta das 4 e alguma coisa da manha. Mamou. Troquei sua fralda e, como sempre, mais ou menos uma hora depois dormiu de novo. Assim eu pude, finalmente, por volta de umas 5 e meia da manha, voltar para os bracos de Morfeu. Ateh que, lah pelas 6 da manha, eu tive um sonho onde uma sirene tocava, tocava e nao parava por nada. Eu, cansadissima como sempre, tentava em vao fazer esse barulho insuportavel parar, ou pelo menos diminuir os decibeis. De repente senti aquela descarga de adrenalina nas minhas veias: "Eh o alarme de incendio!!". Levantei correndo, peguei Lucas no berco, tapei os ouvidinhos dele (nao que ele tenha acordado. Ele herdou do pai essa capacidade de dormir com uma banda de musica ao lado. Claro que quando estah com o estomago devidamente cheio...) e ainda pensei: "meu deus, to soh de calcinha e camiseta! sera que eu troco de roupa? nao, nao!! nao importa!! pode nao dar tempo!! vamos sair!" Tudo em fracoes de segundo.
Assim, correndo, tentando coordenar os pensamentos, abri a porta do quarto. E encontro Tom correndo da cozinha para a sala, abrindo janelas, porta de casa... Olhou pra mim com uma expressao meio de desculpas e ao mesmo tempo de "mas eu nao fiz nada..." e disse: "Eu soh tava fazendo ovos pro meu cafe da manha...". Eu ainda falei: "Liga o exaustor do fogao!". Enfim, o nosso fogao eletrico (como a maioria dos fogoes dos lares norte-americanos) tem um problema serio para ser limpo internamente, na parte onde ficam as resistencias que aquecem as panelas. E vira e mexe caem farelos, pedacinhos de qualquer coisa e, o pior de tudo, o terror dos terrores, o leite entorna!! Assim, quando voce vai usar novamente aquelas coisinhas que cairam e que voce nao conseguiu remover totalmente, queimam. O cheiro de queimado fica forte. E, se voce der mole (e for uma pessoa com pouca sensibilidade oufativa, como meu querido maridinho) o alarme contra incendio dispara as 6 da manha, enquanto voce prepara ovos pro seu cafe da manha... De qualquer modo fiquei me sentindo protegida. Vi que esse troco funciona mesmo. E que, definitivamente, eh impossivel dormir com alarme aos berros!!

sábado, 11 de agosto de 2007

mais cultura....

Hoje fomos com Merlin e nossa amiga Anne para o melhor museu da arte nas vizinhanças, the North Carolina Museum of Art. O calor cedou um pouquinho, com ceu nublado, e temperaturas mais amenas, e chegamos sem sofrimentos, acompanhados dos soms dos Rolling Stones (as faixas classicas dum CD duplo de Merlin). Vimos com prazer que o museu trocou umas obras para outras, e que agora tem duas telas legais de Monet para ver.
Na volta almoçamos no nosso restaurante latino-americano predileto, a Taqueria "Los Comales", pedimos 4 tacos de frango, 4 pupusas (comida salvadoreña), 3 bebidas de tamarindo, e uma de horchata (com gosto de canela). Acho que Merlin prefere a comida mexicana mais americanizada - aquela menos saudavel e cheia de porcaria...
e finalmente fomos para a festa de aniversario da Julia, filha dos amigos Hermes e Marcia....com crianças batendo numa piñata de borboleta até os docinhos cair de dentro. Conhecemos um outro casal brasileiro-americano - desta vez duas mulheres, uma paulista e uma americana, muito simpaticas, vizinhas de Hermes e Marcia. Pouco a pouco a gente vai conhecendo a comunidade brasileira do Triangle.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

um calor senegalesco

Acontece que a semana em que o Merlin está aqui com a gente está muito quente mesmo, tão quente que desincentiva qualquer atividade fora da casa, particolarmente porque nosso carro gringo do Norte não tem ar condicionado. Qualquer viagem de carro vira um inferno. Deborah, Lucas e Merlin não estão sofrendo tanto porque em casa temos um ar legal "centralizado", que fica na parede e não na janela. Mas quando tá na hora de sair de casa é um sofrimento. Quarta feira a noite tinha um concerto do coro do nosso amigo Rodney Wynkoop, para que eu dei dicas de pronuncia, informações sobre a cultura brasileira etc. e tal. Deborah tava com medo pela saude do nenem por causa do calor. Fomos de carro (uns 25 minutos) para Chapel Hill, para uma igreja baptista moderninha e interessante, ao lado da estrada ("highway"), quase dentro de um shopping. Lucas se comportou bem durante o concerto, o qual tinha uma mistura de musica "pop" americana, "spirituals" da cultura negra americana, e as peças brasileiras, inclusive uma Ave Maria de Villa-Lobos (Deborah chorou).
Hoje fomos para Deborah tomar uma banana split na Ben & Jerry's...Merlin tomou um milkshake "caramel macchiato" com sorvete sabor de café. Quando a gente vai para B & J eu nunca peço nada, porque sei que vai sobrar sorvete na porção da Deh (tais as porções rabelaisianas da culinaria americana....)

sábado, 4 de agosto de 2007

Carolina do Norte também é cultura

Nossa vida aqui é bem interiorana - todo mundo com dinheiro e lazer sai da cidade durante o verão rumo a lugares mais amenos, e as universidades, que providenciam eventos culturais durante os semestres, não oferecem nada. Hoje fomos com Merlin a Raleigh para pesquisar a cultura artistica do Capital do Estado, num distrito perto de Moore Square e o City Market (Mercado da Cidade). Tem varias lojinhas, restaurantes chics, e até um predio com estudios de artistas (Artspace). Vimos varias obras interessantes. O Visual Art Exchange vai hospedar um show em outubro de Travel Scenes - perfeito para as nossas fotos do Rio de Janeiro. Com certeza a gente vai entrar no concurso.
Almoçamos num bar/restaurante aconchegante, e dividimos um Ultimate Nachos, muito ao gosto do Merlin.
Unico problema: um calor do cão para ir e voltar no nosso carrinho sem ar.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

um dia movimentado...

hoje a gente deu entrada no passaporte do Lucas, nos correios no centro de Durham. Pedimos o serviço especial - se paga extra, e o passaporte é devolvido dentro de um mes. Sem pagar a taxa extra, so dentro de até quatro meses.
Tb fizemos a consulta do primeiro mes do Lucas - ela está muito bem, com peso de 11 libras, 2 onças (mais de 5 kg), e cresceu já 2 cm. A enfermeira deu Similac gratis, e a médica tb - numa quantidade impresionante, um valor de até 30-40 dolares!
No final da tarde Merlin chegou de trem de Nova Jersey, uma viagem de mais de 10 horas. Ele ficou jogando de Gameboy ou coisas parecidas o tempo inteiro. Jantamos no Q-Shack (dividi um beef brisket super-gostoso com Deborah), e depois encontramos nossa amiga Anne no "Federal" para tomar um Guinness (half-pints) - Merlin tomou um Beck's sem alcool.
Merlin cresceu muito tb - tem quase a minha altura.

terça-feira, 31 de julho de 2007

Só para dizer

Só para dizer.....Brasil, te amo muito!

quinta-feira, 26 de julho de 2007

visita da mulherada

Essa semana ta ficando bem movimentada socialmente....ontem nossa festinha de aniversario com nossa amigas KJ e Anne...e hoje um almoço com a mulherada da Lilly Library - Kelley, Danette, Carol e Greta. Elas chegaram aqui em casa com varias comidas, e a gente ficou la fora perto da piscina batendo papo. Todo mundo gostou de ver nosso Lucas, e Deborah falou bastante sobre gravidez etc e tal com a Danette, que tá com 31 semanas na primeira gravidez (ela tem 45 anos). Vamos ver se da para reunir esse grupo de novo.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

mais sobre o nosso iMac

A coisa engraçada sobre esse Macintosh é continua funcionando muito bem, tem uma porrada de software, etc. etc. Da pra escrever novela, romance, monografia, postes de blog. O que mudou é o ciberverso. Eu não uso esse Mac desde minha mudança para o Rio em agosto de 2004. Em 2004, mesmo com 4 anos de idade, funcionou bem. Desde então tem Gmail, Flickr, iPhoto. O iMac tem tres browsers - IE 4.5, Opera, e Netscape 7.0. So o ultimo é capaz de interagir com Gmail.
Vantagem: tenho o velho webcam que não funciona com Sistema X, mas funciona com o velho sistema. Vamos ver se ainda da para usar com com Yahoo Messenger....

problemas de Macintosh

Nosso querido Mini-Mac deu pau - ficou cada vez mais doente, e agora precisa ir pro hospital de computadores.....no entretanto, a gente tirou o nosso iMac (comprei em 2000!!!!) que ta funcionando que nem uma maravilha - sistema 9 e tudo. Graças a Deus! até funciona melhor com acentos e tais coisas. Claro que não da ver modernices tipo YouTube....mais pra ler e escrever funciona muito bem. Dá um ar "retro" pro ap.

terça-feira, 24 de julho de 2007

rapadura é doce mas não é mole não

E posso dizer o mesmo da maternidade, esse estado de vida em que a gente deixa de viver para si e passa a viver para outro. Integralmente. Incondicionalmente.
É doce sim, é bom ver seu filhote crescendo, saudável, dando seus primeiros sorrisos, tomando (e gostando!!) banho, fazendo xixi de surpresa quando você tira a fralda. É uma delícia ver sua cria procurando você quando escuta sua voz, tentando, igual um bichinho, achar o seu peito na hora de mamar, prestando atenção quando você fala um monte de coisas sem sentido e com voz de conversar-com-filho-recém-nascido, aquela vozinha de idiota que você faz totalmente sem vergonha e que jamais faria, principalmente em público, se não fosse por ele.
Isso tudo e o amor que você se descobre capaz de sentir dão um colorido, um sentido à vida completamente diferentes do que você achava possível. Dão esse sabor doce, inexplicável e que, sinto muito, só dá pra saber quem é mãe. Eu nunca nem imaginei que pudesse ser assim.
Mas a intensidade de todo esse momento vem acompanhada da fadiga absurda e inclemente das noites e noites de sono privado e do estado de alerta que acompanha a maternidade. Esse estado que faz com que você durma mesmo ao lado de um estouro de uma manada de elefantes e que te faz pular da cama ao primeiro sinal de chorinho do seu bebê.
A falta de uma noite de sono minimamente bem dormida é, de longe, o principal fator de fadiga. Sejam pelas horas de amamentação ou seja pela preocupação em saber se seu filho está bem e, principalmente, vivo! no berço, esses hiatos de sono fazem a gente ficar num estado meio intermediário entre sonho e realidade. Ao ponto de sonhar, em alguns segundos, que você já levantou e deu de mamar e de repente acordar e vê que não, tadinho, seu filhote ainda não foi devidamente alimentado. Eu passei a ter um medo enorme de dormir enquanto estou amamentando. O que é totalmente possível de acontecer. Assim desenvolvi um método com almofadas que deixa Lucas protegido, não dependendo exclusivamente dos meus braços para ser segurado.
Não é mole não. Não é mole não saber o significado daquele choro que você tá ouvindo, não é mole não ter muito o que fazer quando ele está com cólica e gritando (graças a Deus isso só aconteceu duas - curtas - vezes), não saber se o umbigo era pra estar realmente daquela cor, pensar o que você fez de errado para o bumbum estar vermelho e assadinho. Não é mole passar horas sozinha de madrugada, tentando entender porque diabos ele simplesmente não dorme. Não é mole dar de mamar durante 45 minutos e 1 hora depois ouvir ele chorando querendo mais. Será que seu leite é suficientemente forte para sustentar seu filhote? Será que ele está passando fome? Será que você está sendo uma irresponsável em dar um pouco do suplemento que os médicos indicaram no hospital?
Enfim, alia-se a isso tudo a insegurança em ver seu corpo completamente mudado, diferente do estado "grávido" e do estado anterior à gravidez. Peitos do tamanho de estádios de futebol, quadris alargados, vários quilos a mais, olheiras que vão na bochecha. Um humor bastante instável, intolerância com problemas idiotas do dia-a-dia e, no caso dessa carioca que vos fala, uma saudade imensa do Rio, dos amigos e, principalmente, da família. E será que seu marido ainda te ama? Mesmo quando você mesma já não tem tanta certeza assim se se ama?
Bem, a vida é assim mesmo, com altos e baixos, prós e contras, tristezas e felicidades. Ao menos, por experiência própria, sei que se você for paciente pra esperar e deixar um pedacinho de rapadura na boca, ela derrete, pouco a pouco, e você pode usufruir das delícias da cana. É só dar tempo ao tempo. É só esperar!

domingo, 22 de julho de 2007

novidades de Durham

Oi, gente, um dia desses a Deborah vai voltar a postar nesse blog, mas hoje não. Essa coisa de mãe de primeira viagem é braba. Nosso pequeno flamenguista é muito bem-comportado, mas mesmo assim, ele mama o dia inteiro (no momento está dormindo, finalmente). Eu acordei razoavelmente bem-disposto - a Deborah tinha acabado de dar uma garrafinha de formula pro nenem. Ela, claro, tava morrendo de sono, e voltou pra cama para dormir mais. Eu tentei divertir o Lucas no ap, mas vi immediatamente que o melhor jeito para Deborah se recuperar era para a gente sair do espaço, para ela não ouvir nenhum barulhinho do Lucas.
Botei o pimpolho dentro do carrinho, peguei meu celular, e fomos andando rumo a cidade - um dia de sol, temperaturas amenas, um ventinho...tudo de bom. Uma missão minha era descobrir um lugar para fazer o concerto do Collegium Musicum de Duke - a sala de concertos serve para musica de camara, mas vou fazer o Requiem de Cavalli (a dois coros), e preciso de um espaço mais reverberante, mais igreja mesmo. Essa cidade tem 250 mil inhabitantes agora, mas no inicio do seculo, era um lugar do interior bem pequeno. Quer dizer que igrejas importantes tem poucas, e falta particularmente essas igrejas tipo Candelaria - grande, e nesse formato tipicamente catolico. Ainda tem poucos catolicos aqui - o que mais tem é baptista. Tambem quase não tem igrejas anglicanas, que em outras partes dos EUA tem em geral a melhor musica.
Vimos a Duke Memorial Methodist, nada especial, meio brega, com mendigo dormindo dentro. Finalmente chegamos a First Presbyterian, falei com a pastora assistente, muito simpatica, e a igreja é perfeita para um concerto do Collegium - boa acustica, e espaço para caber dois coros. Oba! Falei mais tarde com a organista, e vamos fazer aí mesmo.
Voltando para casa também passamos na igreja Trinity Methodist (bonita), onde tem uma misionaria indo para o Brasil em breve.
Enquanto isso tava esperando o cellular ligar com a Deborah querendo saber para onde foi o nenem.....ela finalmente ligou depois de mais ou menos duas horas e meio de sono extra....
Lucas so começou a reclamar 10 minutos de casa.
Muito bom caminhar tanto...depois de meses da Deborah não conseguier. Vamos ver se em breve ela acompanha a gente.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

falta de postes...

oi, gente, desculpe a falta de posta por aí....é que Deborah tá completamente occupada com o nenem...o Lucas tá mamando non-stop, e Deborah tá com muita falta de sono.....
pouco a pouco a normalidade vai voltar.....

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Filho da puta

Filho da puta honesto. Filho da puta que assume a filhodaputice orgulhosamente. Filho da puta honesto falta nesse mundo nosso. Eu respeito o f-d-p que não brinca de bonzinho. O f-d-p assumido tem uma certa honra. Por isso que a gente gosta dos Klingons....
...a continuar....

sábado, 7 de julho de 2007

Traduzido pelo Borat

Somos amigos orkutianos do grande reporter kazahkstanes Borat Sagdiev, mas não sabíamos que Borat trabalhava pelo Google.

Eis a evidencia - a tradução googliana do nosso ultimo post (muito engraçado):

Yesterday Lucas Benjamin and Deborah had come back of the hospital toward house. Lucas is well, suck very, sleeping very, alerts while waked up. Today we were for the first consultation with pediatra, well close to house, in the Duke Family Medicine Center. Of the one to even walk the foot, and also it has onibus gratis of Duke who leaves front of our building. We like the Doctor Heather Christie. After people taking off the diaper of the Lucas to measure the weight of it, it me cagou the shirt ..... was baptized. Better I of what the Deh.

O blog inteiro está traduzido: veja

Two Cariocas In The Gringolândia

Fotos

Gente, pras fotos do Lucas, vai presse linque ao lado que diz "Nossas fotos" - é o nosso site Flickr:
www.flickr.com/photos/thomazmoore.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

voltaram para casa

Ontem Lucas Benjamin e Deborah voltaram do hospital para casa. Lucas está bem, mamando muito, dormindo muito, alerto enquanto acordado. Hoje fomos para a primeira consulta com a pediatra, bem perto de casa, no Duke Family Medicine Center. Até da para andar a pé, e também tem o onibus gratis de Duke que sai de frente de nosso prédio. Gostamos da Doutora Heather Christie. Depois da gente tirar a fralda do Lucas para medir o peso dele, ele me cagou a camisa.....fui batizado. Melhor eu do que a Deh.


(http://dfmc.duhs.duke.edu/Docs/Brochure2004.pdf)

domingo, 1 de julho de 2007

Chegou!!!!!

Lucas Benjamin Camara Freire Moore nasceu hoje no Durham Regional Hospital, 0925 AM, com peso de 4.5 kg, e tamanho de 56 cm. Ele e a Deborah estão muito bem. Mais detalhes e fotos a seguir.....

sábado, 30 de junho de 2007

Raízes

Existem costumes familiares interesantes que indicam que Deborah, além do nome, tem uma herança dos Cristãos Novos do Nordeste. Alias, além do nome de Deborah, a família tem sobrenomes conhecidos como pertencentes às familias de cripto-judeus dos primeiros séculos da colonização do Brasil. Portugal, diferente da Espanha, não obrigou os judeus a sair do país, mas obrigou-os a se converterem. Mesmo assim, "muitos dos Cristãos-Novos continuaram a secretamente observar o judaismo", como diz o artigo na Wikipedia. Esses costumes que remetem tão claramente à uma origem nos Cristãos Novos para Deborah, eram simplesmente coisas do dia-a-dia, coisas normais, coisas da família.

Algumas semanas atrás, a gente fez uma visita ao rabino da sinagoga daqui, Judea Reform, para ver se dava para investigar, explorar essas raízes, rezar na sinagoga. O Rabino Friedman concordou que sim, parece bem possível que Deborah venha de uma família judáica. Demorou algumas semanas (cansaço da gravidez e cansaço do novo trabalho), mas sexta retrasada fomos para a sinagoga, uns 12 minutos de carro do nosso apartamento, em Durham. O Rabino Friedman tá de férias agora, mas encontramos uma comunidade muito acolhedora. O rabino convidou as pessoas presentes pela primeira vez a se introduzir, a dizer de onde veio. Têm poucas pessoas que chegam do Rio!
Depois do serviço acabar, falamos muito com as pessoas da congregação, e evidentemente o estado avançado da gravidez da Deborah gerou muitos comentários e muita conversa.
Voltamos ontem, estamos gostando bastante.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

jogador de basquete baiano

Povo do meu Brasil varonil, tenho algo a declarar: meu filho, filosoficamente falando, é baiano. Isso porque, que não me interpretem mal todos os meus possíveis leitores da Bahia, ele tá completamente afim de sombra e água fresca. No caso, barriga quentinha e zero de esforço para fazer essas coisas difíceis como mamar, respirar, chorar, fazer cocô... Preguiçoso toda vida. Nada de se mexer e tentar encaixar para nascer. Nada de fazer uma forcinha pra me colocar em trabalho de parto. Negativo. Ele é adepto da máxima "em time que está ganhando não se mexe". E assim estou eu aqui num misto de ansiedade, exaustão e perplexidade! Esse menino não foi gerado no Rio e vai nascer na Gringolândia?? De onde vem essa alma baiana, meu deus??
Alie-se a isso um tamanho digno de jogador de basquete da NBA. Pela nossa última ultrassonografia, fiquei sabendo que meu bebezinho está com 10 lbs ou, em português corrente e fluente, 4kg e meio!! Com fêmur, pés, mãos, cabeça, todos grandes... Sendo assim, meus queridos, podem imaginar como estou eu me sentindo já na 41ª para a 42ª semana de gestação. Cansada, mau-humorada, cheia de dores pelo corpo... e completamente surpresa com o fato de estar grávida de um, digamos, jogador de basquete baiano!!
Enfim, como somos humanos, e não elefantes, meu querido filhote tem que nascer e não dá pra ficar dentro da barriga muito mais tempo. Assim sendo, sem perspectivas animadoras para um parto natural, uma cesárea foi marcada para a próxima segunda-feira, dia 02/07, às 10:30 AM (às 11:30 AM no horário do Brasil), no Durham Regional Hospital. Se por acaso eu entrar em trabalho de parto antes, faço uma cesárea de emergência. Senão segunda ele estará entre nós!! E, quem sabe, poderemos esperar meu menino fazendo cestas e mais cestas. Nem que seja jogando o coco vazio na cesta de lixo, deitado numa gostosa rede, na beira da praia de Itapoã!!

sábado, 23 de junho de 2007

ainda não

o Lucas não chegou ainda não....

quinta-feira, 21 de junho de 2007

ainda não...

Lucas ainda não chegou......

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Feliz Aniversário

Feliz Aniversário, Deh!
Happy Birthday!
(O Lucas ainda não chegou..........)

segunda-feira, 18 de junho de 2007

falta de postes....

Olha, galera, estamos chegando aos últimos minutos dessa gravidez, que tá até ameaçando entrar em prorrogação... vamos esperar que não vá pros penaltis. O que quer dizer que a Debinha não tá muito afim de ficar em frente do Macintosh para escrever. O dia oficial pro rapaz chegar é 20 de junho, dia do 33º aniversario da Deborah.

Enquanto isso, uns dados interesantes do Google Maps -

para ir de carro de Durham a Chicago - 786 milhas, 13 horas.
para ir de carro de Durham a Toronto - 786 milhas [sim, igualzinho], 12 horas, 37 minutos.
para ir de carro de Durham a Miami Beach - 829 milhas, 12 hours 29 minutos/
para ir de carro de Durham a Nova Orleans - 850 milhas, 13 horas.

Nunca imaginei morar num lugar eqüidistante dessas 4 cidades......

em comparação ----
Paris - Copenhagen 1,231 km, 12 horas
Paris - Roma 1,437 km 13 horas 36 minutos
Paris - Madrid 1,274 km 12 horas 11 minutos....

sexta-feira, 8 de junho de 2007

resuminho de duas semanas

Bem, bem, algo em torno de duas semanas sem escrever, deixando nossos amigos no escuro...
Mas tem sido extremamente difícil conseguir ficar sentada mais do que alguns poucos minutos aqui na frente do computador. Esse rapazinho, que ainda está aqui dentro da barriga no bem-bom, anda me deixando com falta de ar e muita dor nas costas e costelas, o que não é lá muito fácil e agradável de se conviver.
Mas vou tentar fazer um ligeiro resuminho dos últimos acontecimentos.
1. Há exatamente 2 semanas, Steve and Marjorie, meus queridos sogrinhos, chegaram aqui depois de dois dias de pé na estrada. Eles saíram de Boston numa quarta-feira, passando por New Jersey pra deixar várias coisas da mudança da Emma (filha do Tom), cumprindo um intinerário grande. Chegaram aqui na sexta-feira seguinte com o carro LOTADO de coisas pro Lucas. Berço, carrinho, roupinhas, brinquedo... váriassssss coisas!!
2. No sábado seguinte à chegada deles eu recebi uma surpresa: um baby shower, ou melhor, um chá de bebê em família! Enquanto eu fui fazer as unhas (um capítulo à parte que terei que contar melhor depois) com KJ, nossa vizinha amiga, Tomzinho, Steve e Marjorie foram para o Target (uma baita loja-de-departamentos + mercado daqui) e compraram um monte de coisas que estavam faltando, inclusive uma super lata-de-lixo para fraldas descartáveis que é um sonho!! Embala as fraldas usadas, armazena e isola o cheiro dos, digamos, produtos do meu rebento e quando estiver cheia, é só trocar o saquinho interno e pronto!! Chiquérrimo!!! :-)
3. Na segunda-feira seguinte foi feriado e viajamos pra uma cidade próxima (1 hora e 20 de viagem) chamada Salem (não é a mesma das Bruxas de Salem não... eu perguntei) fundada, em meados do século XVIII, por cristãos protestantes da Igreja Moravia, provenientes da região que hoje a gente conhece como República Tcheca. O que interessava mesmo à gente era a Old Salem, ou Salem Antiga, que preserva casas e prédios originais, além de ter tido parte das habitações reconstruídas. Assim, você paga uma entrada (que não é barata, mais ou menos 20.00 dollars e que foi paga por Marjorie and Steve) e pode entrar nas casas e nas lojas, onde você é sempre atendido por pessoal treinado e vestido a caráter, além do museu de Artes Decorativas do Sul. Enfim, sempre fico bastante impressionada com a capacidade que o pessoal aqui na Gringolândia tem de tornar tudo um negócio lucrativo, onde se vende de tudo, onde tudo tem um ar meio disneilândia, onde cultura, história e dinheiro andam de mãos dadas... fico imaginando esse tipo de iniciativa em cidades como Ouro Preto no Brasil, onde encontramos uma arquitetura muito mais interessante, uma história viva, intensa, um sabor muito mais forte de vida do que em Old Salem, por exemplo. Os retornos seriam enormes para a cidade e a população...
4. Durante esse passeio a Old Salem é claro que eu andei bastante (pelo menos foi o que me pareceu, já que não tem sido nada fácil equilibrar esse corpanzil dinossáurico em duas míseras pernas de mamífero bípede!!), é claro que está calor e é claro que eu tive contrações. Conclusão: para fazer nossa última visita, justamente ao Museu de Arte Decorativa, com um tour guiado que demoraria de 1 hora a 1 hora e 15, Tomzinho me colocou sentada numa cadeira de rodas e saiu me empurrando museu a dentro. Claro que achei o maior mico e tal. Fiquei com vergonha mesmo. Mas depois, minha gente, vou te dizer: AMEI!!! A maior mordomia! Tão confortável e gostoso que no fim da visita fiquei com pena de devolver a cadeira... :-)
5. Na terça-feira conheci, finalmente, meu cunhado Will, sua mulher Charlotte e meu novo sobrinho Gideon que, pasmem, tem a minha altura! Ok, ok, isso não seria nada demais (aliás, seria até de menos se ele já fôsse um adulto) não fôsse o pequeno detalhe: ele é um rapazinho de apenas 9 anos de idade!! Repito: NOVE ANOS DE IDADE!! Imaginem!! Enfim, fomos todos nós jantar na Churrascaria Chamas, uma autêntica churrascaria rodízio brasileira! Fiquei igual pinto no lixo, comi farofa, um pouco de feijoada e quilos de picanha, maminha, filet, alcatra com alho, lingüicinha... tudo de bom e conversando em português com os garçons!! Amei.
6. Na quarta-feira Steve e Marjorie voltaram pra Boston de manhã cedinho e nós voltamos à nossa rotina e expectativa. Tivemos também a minha visita semanal à clínica obstétrica que, graças a deus, me mostrou que tudo anda bem comigo e com meu pimpolho.
7. De sexta para sábado eu praticamente não dormi com cólicas e contrações. Eu e Tomzinho pensamos: "é hoje!!" De manhã liguei para minha prima obstetra Ana Paula, no Rio, e recebi o seguinte conselho: vai caminhar que vc pode conseguir acelerar o processo de trabalho de parto. Assim fomos andar no shopping Southpoint, um lugar enorme, com lojas ótimas e ar condicionado bem gostoso. Andamos algumas horas e as contrações se intensificaram. Voltamos pra casa e, depois de conferirmos que os intervalos entre elas era de mais ou menos 4 minutos, partimos de mala e cuia para o hospital. Chegando lá me colocaram numa cadeira de rodas (de novo!), fiz uma fichinha básica, já que eles já têm meus dados, e fui encaminhada para o meu quarto de parir. Fui atendida por um par de enfermeiras ótimas que monitoram os batimentos cardíacos de Lucas (excelente), as contrações (que contrações...?) e os meus batimentos cardíacos (muiiiito alto). A história era que, mesmo eu sentindo dores e tal, as contrações não estavam acontecendo. E meus batimentos não deveriam estar tão altos. Aí me fizeram aseguinte pergunta: "você bebeu líquido hoje?". Eu: "er... não muito..." Claro que eu não bebi! Eu fui caminhar no shopping, fui bater perna, fui me preocupar em ter contrações! Como eu ia me lembrar de bebr água?? Pois me deram o provável diagnóstico: desidratação. Enfim, depois de vários copos d`água, um exame de urina, um toque pra conferir a minha dilatação (1 mísero centimetrozinho...), depois de Tomzinho ter lindamente roncado no sofá e de quase 4 horas de espera, fui liberada com algumas recomendações do tipo "Como Se Identificar Que o Trabalho de Parto Realmente Começou"... um mico total... e lá voltei eu, sem cadeira de rodas agora, sendo acompanhada por todos os olhares do staff do hospital...
8. No domingo, já que não pari Lucas, fomos com KJ para Greensboro fazer uma visita ao museu Weatherspoon, um museu de arte contemporânea com um acervo não muito grande, mas de excelente escolha. Peças muito boas. E algumas delas estão à venda, o que faz do museu um museu-galeria. Tomzinho tá pensando em fazer um concerto de flauta num espaço bem legal do museu, com teto alto e acústica boa pra esse tipo de concerto! Vamos ver se rola... tomamos um café, voltamos pra Durham e jantamos num restaurante tipo bandejão, perto, gostoso e barato. Um achado!
9. Passamos os dias bem e na quarta, depois de termos ido mais uma vez à clínica obstétrica, Tomzinho se mandou pro aeroporto e voou pra Boston pra tão esperada formatura da sua filha Emma. A formatura, em Harvard, aconteceu na quinta-feira, sendo iniciada pela manhã e com festividades durante o dia. Tomzinho me ligou feliz, o que me deixou feliz do lado de cá. No fim do dia, lá foi ele de novo pro aeroporto, se enfiou noutro avião e aportou por aqui perto das 10 da noite! Confesso que foram 2 dias meio tensos pra mim, já que estava fora dos meus objetivos e desejos parir sem Tomzinho estar por perto... fiquei, então, bem quietinha em casa, vendo um filme atrás do outro, sem quase me mexer!!! Mas foi Tomzinho chegar e comecei a ter cólicas! Nada que tenha me levado a hospitais, com direito a cadeira de rodas e tudo... mas, dizem que, alguma hora ele vai nascer!!! e haja paciência!!

sexta-feira, 25 de maio de 2007

rapidinha

Recebi já, agorinha, por telefone, o resultado do exame da tal bactéria: negativíssimo!!
Iupiiiii!! Nada de problemas pro meu filhote, nada de antibióticos, nada de injeções e desmaios!!!
:-)

boletim ligeiro

Essa última quarta foi dia de mais uma visita à Clínica de Mulheres (Durham Women`s Clinic), com direito a xixi no potinho (ok para açúcar e proteínas), medida de pressão (ok para uma grávida prestes a rolar), furo no dedo (ok! tenho muita hemoglobina!!), escutar coração do Lucas Benjamin (ótimo!! parecia uma bateria de escola de samba!) e subida na balança (essa eu não falo nem sob tortura).
Além disso fiz um exame pra saber se sou portadora de uma bactéria que, apesar de ser inócua à saúde de uma mulher adulta, pode contaminar o feto durante o parto e gerar complicações severas. Mas é pra evitar isso mesmo que o teste é feito. Se eu for portadora, então, tomo um antibiótico na veia no dia do parto e mãe e filho já ficam rapidamente imunes! Bem fácil! Confesso só que não me agrada a idéia "injeção". No problem at all sobre o parto. Tranqüilo mesmo... mas agulhas?? irchhhh... enfim, fazer o que? Vou ter que encarar se for o caso... e sem desmaios!
Bem, só pra finalizar, eu ando sentindo contrações e mais contrações. E sentindo que esse moleque é grande mesmo. Minhas costelas andam doloridas e espirrar passou a ser uma situação de alto risco. Fica difícil controlar a respiração, já que ele aperta sem dó nem piedade meu diafragma, e a bexiga, sendo comprimida de forma rápida e implacável por uma cabeça... e que cabeça!! O médico que me examinou quarta, (o mesmo, aliás, da outra semana) disse que ele é realmente muito comprido. Um jogador de basquete, praticamente. Ele disse também, para meu desapontamento, que era pra aquietar meu facho e que não, Lucas não vai nascer agorinha. Que apesar das inúmeras contrações, cólicas e dores nas costas, ainda tem tempo até tudo estar nos devidos lugares. O que na verdade tá certinho, afinal eu estou na trigésima sexta semana ainda. Além disso, não sei se pra me aterrorizar ou pra me deixar mais tranqüila e sem medo de acabar parindo em casa, fui delicadamente informada pelo Dr. Frenduto que meu trabalho de parto, provavelmente, durará algo em torno de 20 a 24 horas...
Mas... eu tava com muita esperança de parir logo e ver meu filhotinho logo. Bem, e a esperança era também de conseguir respirar, espirrar, caminhar, comer, dançar... enfim, a esperança era de "realizar" vários verbos mais facilmente! Agora entendo melhor a expressão "esperar um filho" como sinônimo de "estar grávida". É isso mesmo que fazemos, esperar. E, de quebra, vamos exercitando a paciência que, dizem, vai ser muito útil para depois que o rebento estiver do lado de fora da barriga e começar a reivindicar coisas como o peito, o cheiro da mãe, trocas de fralda, uma mesada polpuda, as chaves do carro, dormir com a namorada... pensando melhor, fica o tempo que precisar aí dentro meu filho!! Sem pressa pra você nascer, tá??

terça-feira, 22 de maio de 2007

25 minutos de fila?? ahhhh, não!!

Hoje fomos ao banco pra resolver duas coisinhas. A primeira era informar o meu SSN, ou Social Security Number, ou número do seguro social. A segunda era assinar papéis e dar autorização para Duke depositar o pagamento do Tomzinho diretamente na conta.
A verdade é que já era a quarta vez que tentávamos resolver a história do SSN. Mas toda vez que chegávamos no banco, éramos informados que nossa espera seria de, no mínimo, 25 minutos. Sempre desistíamos, achando que dava pra esperar mais uns dias pra resolver e que ficar 25 minutos esperando era muita coisa. Enfim, dessa vez não foi diferente. Numa fila de espera digna de Banco do Brasil em dia de pagamento de pensionista, fomos educadamente avisados que ficaríamos mofando um bom tempo. Tomzinho rebelou-se. Falou com o rapaz que nos atendia (que depois viemos a saber se tratar do gerente) que aquilo era um absurdo, que ele tinha conta há quase 20 anos no banco, que nunca tinha visto aquilo, que ele não era mal atendido assim quando estava no Brasil, que seria obrigado a trocar de banco, que por favor ele informasse tudo aos superiores, que abrisse uma agência perto de Duke, que era inaceitável, que era um pé no saco ter que trocar todos os negócios dele com o banco por estar descontente com o atendimento, e assim por diante. E o rapaz pedindo desculpas, entre sorrisos e evasivas, doido pra fugir, dava um monte de explicações e razões, tentando aplacar a fúria do meu maridinho.
Eu, que sou macaca velhíssima de reclamações no Rio, achei que esse tipo de coisa nunca faria muito efeito aqui na Gringolândia, onde tudo é tão rígido e inflexível que nunca se consegue nada no jeitinho. Ou na porrada. No Brasil você sempre tem duas possibilidades, com esse tipo de reclamação: ou você vai acabar discutindo seriamente com o cara que tá te atendendo, ou seu problema vai ser rapidamente resolvido, regado a água gelada e cafezinho. Mas aqui, que não temos nem uma fila especial para idosos e mulheres (super) grávidas como eu (e que, mesmo nas enormes filas do Banco do Brasil teríamos), onde pra pedir uma informação rápida temos que nos submeter à fila como todos os outros mortais, sempre temos que nos comportar de acordo com os padrões. Afinal sair dos padrões nunca adianta nada.
Pois, ledo angano. Adiantou tudo. Nossa fila de 25 minutos se transformou em 3 minutos. Fomos atendidos rapidamente por uma mocinha muito atenciosa e cheia de sorrisos. Me senti meio num esquema "você sabe com quem está falando?" que deu certo. Nem no Brasil o desfecho teria sido tão satisfatório e tão rápido. Talvez o gerente quisesse só se livrar logo do Tom e sua ira acumulada em quase 3 anos sem poder reclamar muito no Brasil (hoje eu entendo perfeitamente como nos sentimos desconfortáveis em fazer reivindicações em uma língua que não é a nossa). Talvez ele tenha se sentido culpado pela minha barriga gigante. Ou talvez ele tenha acreditado em Tomzinho e tenha querido realmente não perder o cliente. Enfim, independente da resposta correta, a verdade é que, para nós o resultado foi espantosamente satisfatório. Me fez até começar a acreditar que talvez (e eu disse "talvez") esse país tenha jeito. Quem sabe um jeitinho quase brasileiro...?

domingo, 20 de maio de 2007

vida profissional etc.

Estou ralando nesse novo emprego - em geral chego no escritorio às 07:30 da manhã, e volto pra casa às 05:00 da tarde. Nas primeiras semanas foi difícil encontrar tempo e energia para estudar flauta - chegava em casa tão cansado que era inútil tentar. Nesta ultima semana descobri, ao menos por agora, um jeitinho - ficando 90 minutos em casa no almoço, posso estudar quase uma hora num horário quando o cansaço ainda não tá batendo tanto. Para fazer isso, e trabalhar 8 horas por dia na biblioteca, saio de casa às 07:20.
Finalmente consegui tocar um pouco de música com a professora de flauta de Duke, Rebecca Troxler, uma amiga de infância (tou falando literalmente) da nossa querida Sandy Miller, com quem eu estudei flauta em aula particular em Manhattan. Tocamos duos de Villeneuve e de Reinards. Em casa tou estudando choros (com minha flauta Miyazawa) de novo.
Os fins de semana dão uma chance para a gente conhecer o nosso lugar interiorano. Deborah tá andando agora com difficuldade - não dá para passear muito. Ontem fomos para o centro da cidade, tão perto que quando Lucas nascer a gente pode andar com ele até lá no carrinho de bebê. Eu ja morei quase no centro da cidade de Trenton, Nova Jersey, uma cidade que antigamente tinha um comércio importante, e que perdeu quase tudo depois da saída dos brancos burguêses com o conflito racial de 40 anos atras. Parece impossivel, mas o centro de Durham tem até menos comércio do que Trenton. Restam alguns prédios legais, e tem dois ou três prédios novos. Preciso dizer que a cidade de Durham esta tentando melhorar a situação, mas vai demorar para mudar esses problemas.
A gente foi pro maior sebo que já vi na minha vida, simplesmente imenso, com o estoque arranjado nas estantes segundo a casa editorial. Eles têm um acervo impressionante de livros em espanhol, e em geral, quase tudo que um aluno de graduação ou de pós-graduação pode querer. Com certeza a gente volta.
Quase ao lado tem uma loja hiper-legal de roupas e artesanato da África. O dono é nigeriano, muito simpático, muito falador. Deborah escolheu um vestido que cabe agora, mas que dá para usar depois do Lucas chegar também.
Finalmente tomamos um café no Rue Cler, um restaurante/café/bakery que parece um oásis de cuisine num centro quase desprovido de opcões (vimos um restaurante mexicano também). O barman era simpatico, não-sulista (do interior do estado de Maine, na fronteira com Canadá), compositor de música para filmes.
Para resumir: esse centro tem todas as possibilidades de virar um lugar chique, interessante, mas falta umas galerias de arte, lojinhas moderninhas de fashion....it's not gay enough....yet.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

família

Marjorie e Tom em Santa Teresa, no Rio, em janeiro de 2006.
Sabe, não é nada fácil a gente sair do nosso país, da nossa cidade, deixar amigos, hábitos, toda uma vida pra trás. Mas fica tudo muito mais fácil quando a gente ganha mais uma família. E eu tô aqui falando de filho e marido sim, mas tô também falando de cunhados, sobrinhos, filhos do marido e sogros.
Meus sogrinhos estão vindo pra cá de carro, na próxima semana, trazendo um monte de coisinhas pro Lucas, como berço, roupinhas, carrinho, brinquedos, enfim, um monte de coisas mesmo. A maior parte enviada por Martha, irmã do Tom. Fico me sentindo feliz, em família, aconchegada.
Além disso, eu tenho que falar especialmente de Marjorie, mãe querida do Tom, que estudou francês e espanhol na adolescência e que hoje é nossa leitora assídua do blog, estuda português, lê O Globo, e sempre tem o carinho de falar no telefone comigo "Oi, Deh! Tudo bem?". Confesso que tinha um medo de conhecê-la. Sabe como é, mãe do marido, de outro país e com 1.80 m de altura!! Mas, felizmente, conheci um casal maravilhoso, numa viagem ao Rio bem gostosa, com direito a fogos em Copacabana no Reveillon. Muito bom.
Enfim, estamos esperando ansiosamente pelos dois e, mesmo sem praia de Ipanema e fogos em Copacabana, temos certeza que vai dar pra gente se divertir um bocado por aqui!!
Eu e Steve, em Santa Teresa, no Rio, em janeiro de 2006.

terça-feira, 15 de maio de 2007

sou carioca, com muito orgulho, com muito amor!! :-)

Eu sei que eu fiquei de dar um tempo no assunto "carro". Tava chato mesmo. Mas não deu pra resistir em compartilhar com vocês o nosso mais novo feito: somos cariocas até debaixo d`água e na placa do carro (marca Kia, modelo RIO) também. Isso mesmo, agora somos "oficialmente" cariocas aqui na Carolina do Norte. E não preciso nem dizer que Tomzinho está feliz como pinto no lixo. Ou como carioca na praia!! :-)



mais notícias do terceiro carioca

Durham Regional Hopital - onde Lucas Benjamin vai nascer








Minha semana andou meio movimentada em relação aos preparativos para o nascimento do meu rebento. Na terça passada fizemos um tour pelo hospital que o senhor Lucas Benjamin virá ao mundo. Coisa típica de americano essa coisa de tour, mas foi bem divertido e instrutivo ver os quartos, conversar com as enfermeiras, saber que se houver uma emergência no meio do parto e uma cesária for necessária, em apenas 13 minutos o bebê já terá sido retirado da barriga. Aprendi ainda que você precisa ter a cadeirinha do carro instalada e corretamente instalada se você quiser sair do hospital com seu filho (caso contrário fica no hospital!), que seu filho tem pulseira na mão, com os dados dos pais, e no tornozelo, com alarme contra furto ( :-) gostei muito dessa parte!!!), que só enfermeiras vestindo roxo e com crachá com foto podem segurar sua cria no colo, que duas pessoas podem ficar no quarto durante o parto (além de você, do médico, da enfermeira e do bebê, claro) e que pode ser que você dê sorte e consiga uma das 4 suítes de parto com banheira de hidromassagem para relaxar durante o trabalho de parto!! Um luxo só.
Na quarta voltei à clínica pra mais uma consulta. As diferenças dessa semana foram que fiz uma ultrassonografia, fui atendida por um médico e não por uma enfermeira e que fui sozinha, tendo que me virar completamente no inglês, sem meu querido marido tradutor (e traidor, já que marcou uma reunião pro mesmo horário da minha consulta). A ultra mostrou que não é à toa que ando tendo falta de ar e uma dor crônica nas costelas, afinal de contas não é nada fácil respirar com dois pés comprimindo e pisoteando seu diafrágma, estômago, etc. E dois pés de respeito, diga-se de passagem. Com 34 semanas, Lucas já estava com tamanho de um bebê de 36 e pesando quase 3 quilos. Além disso pude ver, com certa nitidez, uma orelha, o que me deixou muito aliviada em saber que meu filho tem orelha. Pelo menos uma! E sei que, além de poder usar brinco, meu filhote vai nascer com uma vasta cabeleira. Tanto que pudemos ver na ultra todo o contorno da cabeça cheiooooo de cabelo!! Um roqueiro cabeludo, quem sabe? :-) No finalzinho do ultrassom comecei a ficar tonta e enjoada e tive que pedir uma pausa. Fiquei sabendo que isso é totalmente normal já que o útero, quando estamos de barriga pra cima, e estando do tamanho de uma nave espacial, comprime veias e nervos dando esses baratos estranhos. Me viraram de lado (para o lado esquerdo, mais precisamente), me colocaram uma compressa gelada na nuca e me encheram com vários copos de água. Dez minutos mais tarde e eu era uma nova mulher.
Entre um dia e outro de eventos, acontecimentos e compromissos, consegui dar continuidade à pintura da famigerada cômoda. Que foi finalizada somente ontem e está muiiiito longe da perfeição. Mas, como Tom diz, quem quer que seja perfeito? Bem, falando baixinho, no pé do ouvido, eu adoraria... Mas não deu. De qualquer modo ficou boa, bem apresentável mesmo.
No sábado tivemos, então, o evento mais importante da semana: o Curso de Mãe! Isso mesmo, fui ao curso, devidamente acompanhada da mãe suplente (no caso, o Pai) e fui aprender as coisas que eu achava que todas as outras mulheres do mundo (como minha mãe, minha avó, minhas tias, minhas vizinhas...) nasciam sabendo. Menos eu. Trocar fralda, dar de mamar, colocar pra arrotar, saber que está com cólica, dar banho, enrolar no cobertorzinho... enfim, todas essas coisinhas essênciais ao bem viver no meu filhinho. E assim descobri um monte de outras mulheres grávidas (e seus suplentes) que não sabiam nada como eu (iupi!! eu não sou a única lesada!!) e, num trabalho em grupo, totalmente sem-vergonha, colocamos roupinha em boneco, fralda, demos remédio de mentirinha, medimos a temperatura, tiramos meleca (do bebê/boneco, que fique claro), etc, etc, etc. Pra finalizar, tivemos uma apresentação de slides com partos, probleminhas de pele que recém-nascidos podem ter, formatos meio estranhos de cabeça (o bebê nascido de parto normal sempre tem uma cabeça meio estranha, já que não é nada fácil passar uma bola de futebol por um buraco de agulha...)... Enfim, foi muito bom pra eu perder um pouco o medo, pra aprender que todo mundo aqui na Gringolândia dá banho nas crianças na cozinha (!!!), que banho em bebê recém nascido aqui é uma ou duas vezes por semana e sem sabonete (!!!), que você pode dar de mamar com seu filho numa posição de "Carregar bola de futebol americano", que chupetas são permitidas sim, desde que tenham um formato de bico-de-peito, que temperatura de recém-nascido é verificada no, você sabe, reto... e que eu tô ficando cada dia mais ansiosa pro meu filhote chegar!! :-)

segunda-feira, 7 de maio de 2007

esperando junho chegar...

protótipo do quarto do nosso molequinho

Ando meio ausente do blog. Sei disso e não fujo das minhas responsabilidades. Mas o fato é que ando às voltas com o meu assunto preferido ultimamente: bebê. É isso mesmo, quem já esteve grávida ou quem conheceu pelo menos uma grávida na vida, sabe que esse é o assunto principal. Se não o único! Assim sendo, tendo total consciência da minha chatice, tenho evitado falar sobre isso o tempo todo. Pelo menos no blog. E como o assunto ocupa todas as circunvoluções do meu cérebro, tem sido difícil escrever sobre outra coisa. Mas, enfim me rendi à minha obsessão, e estou aqui para informar meus queridos amigos e leitores sobre as últimas novidades desse assunto, ser grávida e futura mãe nos Estados Unidos.
Tem sido alguma coisa estressante não saber o nome de nada em inglês. Veja bem, não que eu não tenha um inglês razoável. E nem que Tomzinho não tenha um português excelente. Mas existem coisas, tradições, hábitos, que são difíceis de "traduzir". Exemplificando, "cueiro", o que carambola seria "cueiro" em inglês? Não sei e ninguém sabe (a verdade, é que já seria difícil pra mim em português...). Mas, depois de várias pesquisas, descobri que é um cobertorzinho levinho de flanela, vendido em qualquer esquina. Comprei pacote com 2 unidades por 4.00 dollars. Um pechincha. Outra coisa muito diferente é o quesito "lavar a roupa do bebê". Se eu estivesse no meu Brasil, varonil, sei que minha querida avozinha faria questão absoluta de lavar tudooooo na mão, com sabão de coco ou um sabão especial neutro, guardar as roupinhas em gaveta totalmente limpa com álcool e ligeiramente perfumada com alfazema ou raminhos de alecrim e envoltas em papel de seda azulado, para não amarelar. Mas aqui? Quem é que tem tanque em casa? Quem lava roupa na mão? Impossível. Assim, tive que descobrir que as pessoas lavam sim a roupinha do bebê na máquina, com sabão líquido desenvolvidos especialmente para a pele delicada deles, água quente e that`s it! Consegui, não sem algum esforço, descobrir uns vidrinhos de álcool pequenos, que servem pra limpar machucados e tal, e vou limpar as gavetas com isso, me sentindo pecando um pouco menos em relação aos meus antepassados.
Outra coisa bem diferente e que tenho que me adaptar a toque de caixa, é o pré-natal. Estou fazendo o meu na Durham Women`s Clinic, ou Clínica de Mulheres de Durham. Aqui você é atendida por uma equipe de profissionais, médicos e, principalmente, enfermeiras parteiras. Isso quer dizer que, a cada consulta você pode ser atendida por uma (ou por algumas) pessoa diferente. Isso quer dizer também que você não sabe quem vai fazer o seu parto, já que o esquema é um sistema "da vez", quem estiver no plantão quando você entrar no trabalho de parto vai com você para o hospital. Também quase não são feitas ultrassonografias, muito diferente do Brasil, onde até o sexto mês eu já tinha feito 6 ultras, uma por mês. Aqui se fazem 3, no máximo 4 durante toda a gestação. Felizmente a última enfermeira que me atendeu, muito atenciosa por sinal, achou que meu querido bebezinho é na verdade um bebezão e indicou uma ultra para ser feita na próxima quarta-feira, a fim de determinar o tamanho exato do pimpolho e surpresas serem evitadas!! Graças a Deus, já que, me corrijam mamães se eu estiver errada, é sempre maravilhoso dar uma espiadinha no desenvolvimento do seu rebento.
Mas, como esse rapazinho está vindo em tamanho GG e eu já estou me sentindo assim como uma jamanta, sexy como um paquiderme dançando balé, sempre dá um medo do parto ser um pouco antes do previsto. Não que eu não fosse gostar um pouco... acho até que me daria um certo alívio... mas ainda falta tudo! O quarto está, somente agora, começando a tomar forma de quarto. As roupinhas que já tenho ainda não estão devidamente lavadas, pelo simples fato de que a cômoda, onde serão devidamente guardadas, ainda não está pronta e pintada. Por que tão lento? Porque sou euzinha que estou pintando e, quanto mais passa o tempo, mais pesada e lenta fico... tsc tsc tsc...
Descobri uns truques que foram uma mão na roda também. Ou na parede. Ao invés de pintar tudo, escolher outra cor, combinar tonalidades e tal, resolvi o quesito "parede" com adesivos. Isso mesmo, um border auto-colante no quarto inteiro, com motivo do "Procurando Nemo" e adesivos maiores espalhados pela parede. Colorido, alegre, com muitos peixinhos e limpo. Nada de tinta e pincel. E, melhor, quando eu quiser tirar é só puxar. A tinta de baixo nem fica marcada.
Ainda falta o berço. Vamos usar o berço da família, assim como várias roupinhas e outros badulaques. Mas tudo só chega pelas mãos dos meus queridos sogros no fim do mês de maio e isso acaba me deixando um cadinho angustiada... e se nascer antes? Falta ainda o carrinho, a cadeirinha do carro, protetores para berço, edredonzinho, banheira, toalhas... Enfim, estou no período de ansiedades de fim de gravidez que acho que toda mãe deve experimentar... assim como os "treinos" do seu útero para o trabalho de parto. Dia sim, dia não, sinto contrações e sensações de "é agora!". Tudo alarme falso. Tomzinho que não é marinheiro de primeira viagem como a amiga que vos fala, só diz: "relaxa, não é a hora ainda... você não tá com cara ainda de trabalho de parto. Fica tranqüila que você vai saber!". Aí tento relaxar e fazer o que eu tenho feito nos últimos 8 meses, esperar, esperar e esperar...

música antiga na Gringolândia

Galera, agora é oficial: seu Carioca-De-Coração (se não de nascimento) vai cuidar do conjunto de música antiga da Duke University: o Collegium Musicum. O grupo tem dois concertos por ano (um por semestre), eu vou ter assisente (uma aluna da pós), e temos até um orçamento. Os programas recentes do grupo eram corais: os Dois Cariocas assistiram o concerto do Collegium algumas semanas atrás, com um moteto de J.S. Bach e motetinhos de figuras menores. Parece que os alunos do pós querem mais música instrumental. Esse Collegium já tem décadas de existência - vamos ver se o grupo tem um instrumentarium (tipo: flautas doces, krummhornen, flautas traversas renacentistas, trombones, etc.).
Coincidência: abri a capa de Early Music America, e vi uma carta de David Schulenberg, lamentando a decadência de música antiga na Carolina do Norte. Vamos ver o que dá para fazer....

aliás: tô me sentindo um celibatário no sentido musical - depois de sair do Brasil não toquei nenhuma musiquinha com ninguem. Ninguno, niemand, personne, nobody.....que saudades!

domingo, 6 de maio de 2007

Baixo Durham

A gente mora ao norte do Central Campus (até agora meio subdesenvolvido), e ao oeste de East Campus (a parte original da Duke, que se chamava Trinity, antes do dinheiro da família Duke). Hoje em dia a parte principal da universidade é o West Campus. Eu trabalho numa das duas bibliotecas do East (a minha é a de música; a outra tem como atrativo principal pra nós dois um acervo incrivel de DVDs e VHS).
Tem uma rua com vários restaurantes, lojas etc. bem perto da gente - a famigerada Ninth St. (Fato estranho é que a cidade de Durham não tem a gama completa de ruas, diferentemente de Manhattan, por exemplo, que começa com 1st St. e vai uma por uma até a PQP. Aqui no sul tem 9th e 15th, e nada mais. Só Deus sabe onde ficaram as outras.) Mas nos fims-de-semanas os alunos vão tomar umas e outras lá em Baixo Durham - Brightleaf Square. O nome vem da indústria de tabaco, base da riqueza de Durham durante muitos anos.
A gente já tinha uma amiga aqui, uma colega minha que conheci em Princeton em 1990, que fundou comigo Le Triomphe de L'Amour (ela tocava viola da gamba; agora é profesora de Materials Science na Duke). Vamos com ela observar a fauna Dukense nos bares de Brightleaf Square. Depois da Deborah ouvir tanto papo sobre Guinness (disponível no Rio só em lata) ela provou um gole da Guinness verdadeira - a pint on draft. Tem um pub estilo irlandês, o James Joyce. Mas se o James Joyce tá cheio, ao lado tem outro, mais moderninho, mas com a mesma Guinness e o mesmo preço.
Em caso de inebriação barra-pesada, a Praça Brightleaf até tem linha de ônibus que vai direto para casa......

sábado, 5 de maio de 2007

lugares (os quais dão saudades)

1. essa escada imensa que sobe de Laranjeiras até a pracinha no cruzamento de R. Alice com R. Julio Otoni

2. a escada poética que desce de Santa Teresa até Bairro de Fatima

3. a pedra estreita em cima do Bico do Papagaio, com vista ímpar e queda de centenas de metros

4. a calçada da Adega da Velha

5. o Míster dos Sucos

(vou continuar e ampliar)

quinta-feira, 3 de maio de 2007

vida no sul

Como meus amigos cariocas possívelmente sabem, sou nortista da gema - nasci no estado de Rhode Island, e cresci no estado de Massachusetts, ambos estados que fazem parte da região conhecida como Nova Inglaterra - capital cultural, Boston (também capital de Massachusetts), com muitas cidades ostentando nomes da Velha Inglaterra. Minha avó muito querida, Bertha (já falecida há mais de sete anos) era de uma família de Cape Cod (Cabo Bacalhau) com raízes que remontam ao início do século dezessete (sou primo de qualquer Cabo-Bacalhauense com família que chegou nessa epoca). Meu pai, em contraste, é quase sulista - de Washington DC, na fronteira entre as duas nações que brigaram na Guerra Civil. Ele até passou vários anos da adolescência na cidade de Richmond, Virgínia, quando o governo federal mandou alguns departamentos para lugares mais decentralizados durante a Segunda Guerra Mundial.
Eu já morei em alguns lugares nos EUA além de Nova Inglaterra: Califórnia (durante a pós-graduação) e 15 anos em Nova Jersey (estado famoso principalmente por causa dos mafiosos). O Sul, terra da escravidão, mais rural, era só lenda.
Eu cheguei, confesso, com um pouco de preconceito. Afinal das contas, a nossa cidade tinha bibliotecas públicas separadas, um sistema para brancos, um para negros. A situação era semelhante com as universades públicas. De vez em quando grupos racistas queimam cruzes para exprimir ódio racial.
Mas.....
a minha percepção, depois de um mês, é que o povo daqui, seja branco, seja negro, é muito legal. As pessoas mostram um calor humano, uma boa vontade, uma franqueza bem, mas bem diferente do comportamento das pessoas lá no norte. Deborah tá pensando que tudo que falei sobre o pessoal dos EUA era pura mentira.....

notícias

alo, alo....
tô quase no fim da quarta semana de trabalho na Duke University. A universidade tá na fase de exames - todos os alunos ralando para conseguir notas boas, alguns professores já saindo de férias para outros lugares. Minha tarefa agora é tentar me integrar ao sistema de bibliotecas, me adaptar à burocracia, conhecer os vários professores do departamento de música. Todo dia ou tomo café com alguém, almoço com outro.
Hoje, ao meio-dia, encontrei com os professores do departamento de música, no "faculty-meeting" mensal - a minha primeira vez. Há uma preocupação com o fato que, com a minha chegada, a biblioteca universitária reduziu o número de bibliotecários de música de 2 para 1 (euzinho). A biblioteca tb lida com falta de espaço, problema universal das bibliotecas (claro, as bibliotecas brasileiras, principalmente, lidam com falta de grana para comprar livros, partituras, CDs, etc.).
Fiquei feliz na semana passada ao ouvir que o departamento de idiomas estrangeiros tá querendo me convidar para dar aulas em português. Tem duas professoras de português na universidade, uma americana, outra tijucana (de Praça Saens Pena), e para ampliar o programa, elas querem que eu dê matérias em português, tipo "música popular brasileira". Vou participar tb com o Conselho de Estudos Latino-Americanos daqui.
Entonces...
vou ralando, com cansaço, mas com a sensação de que meu trabalho está sendo valorizado. Uma sensação agradável para quem sempre se sentia meio maluco por causa dessa minha mania pelo Brasil.

sexta-feira, 27 de abril de 2007

sobrevoando o Rio com Roberto Carlos - 1967

Incrível esse vídeo que Aninha me mandou. A gente consegue identificar a cidade inteira, mas toda diferente, toda antiga, toda de 1967. Dá pra ver av. Atlântica com uma pista só, Pres. Vargas sem o canteiro central, Palácio Monroe na Cinelândia. Não dá pra ver o Rio Sul, porque ainda não tinha... mas dá pra ver tanta beleza!! E como a cidade parou pra esse vôo maluco de helicóptero!!
Tomzinho se empolgou vendo e disse que queria muiiiiito estar no Rio em 1967... Eu vi o Cristo e não resisti, emendei saudades e hormônios, e deixei as lágrimas rolarem... ao som de Roberto Carlos cantando em italiano...

quarta-feira, 25 de abril de 2007

mais restaurantes

Hoje fomos comer em um restaurante tailandes chamado Thai Cafe. O ambiente é super agradável, a comida ótima. Uma boa combinação de sabores suaves, mas marcantes. Preços honestos. Decoração aconchegante e convidativa.
Tudo parece perfeito, até a gente esbarrar com um vício de comportamento de todos os restaurantes americanos, independente se você está sendo atendido com sotaque tailandês, chinês, mexicano ou sulista. O fato é que você é SEMPRE expulso do restaurante. Parece absurdo, mas é assim que acontece, obedecendo a um rígido ritual que deve ser ensinado em alguma escola do tipo "como ser garçon em 10 lições" ou "os passos importantes rumo ao sucesso do seu restaurante".
Enfim, o ritual é o seguinte:
1. Você chega no restaurante e é conduzido à sua mesa, raramente escolhendo onde quer ficar.
2. Os cardápios são entregues imediatamente assim que você chega à sua mesa.
3. A pergunta "oi, como vão?" é automaticamente emendada em "o que vão beber?"
4. Trazendo as bebidas, os nossos pedidos de comida são anotados.
5. No meio da refeição o garçon/garçonete passa e pergunta se está tudo bem.
Até aqui tudo pode parecer maravilhoso, e você começa a achar que o atendimento norte-americano é uma maravilha. Mas é justamente nesse ponto que você começa a perceber o seu engano. A pseudo-simpatia e eficiência é decorada, passo-a-passo e, contrariamente às minhas expectativas iniciais, o comportamento adquirido pelos garçons não visa uma fidelização e uma maior permanência do cliente dentro do restaurante. Indo de encontro a todas as leis capitalistas (e lembrem-se, estou aqui falando do maior símbolo do capitalismo que existe, os Estados Unidos da América), todo o esforço do staff do restaurante é que você vá embora o mais rápido possível. Por que? Tá aí um mistério que ainda não consegui resolver. Tomzinho acha que é um comportamento puramente cultural, se é que isso existe. A mim parece um modo de agir bem burro, se é que isso também existe.
Mas, voltando ao atendimento do Thai Cafe, assim que nossos pratos se esvaziaram, a mocinha voltou e perguntou se haviamos terminado. Respondemos que sim e Tomzinho ainda elogiou a comida, dizendo que estava ótima. O que concordei prontamente. Ela, então, tirou nossos pratos e voltou imediatamente com a conta. Eu que, na minha ingenuidade brasileira, achei que ela voltaria para falar sobre sobremesa e tal, fiquei com um ar perplexo e meio abobalhado. Eu tinha visto, no primeiro momento, antes dela levar e esconder os cardápios, que tinha uma sobremesa que muito estimulava os sentidos de uma grávida. Mas ela simplesmente cortou tudo. Acabou com o prazer de finalizar uma refeição. Essa coisa tão nossa de ficar na mesa, esperar um pouquinho, conversar, comer um doce, tomar um café, pensar pra onde vai depois do restaurante, pedir a conta... isso não existe aqui. A cultura fast food impera, mesmo num restaurante que, teoricamente, não teria nada de fast food. Você pode ainda pensar "ah, vai ver tinha um monte de gente esperando por uma mesa" e eu te respondo que não. O restaurante tem em torno de 30 mesas e só umas 5 estavam ocupadas.
A verdade é que, com pequenas variações de sorrisos e comportamento (no Cinellis, o nosso restaurante italiano favorito, os rapazes são muito legais, apesar de seguirem as mesmas regras), você é basicamente atendido da mesma maneira em todos os lugares. Entra, come e sai. Aliás, saia! A única exceção, até agora, foi justamente a taqueria mexicana, onde comemos calmamente, não pagamos antecipadamente (como acontece nos fast foods e nos cafés em geral) e só pedimos a conta quando deu vontade de ir embora. Do jeitinho que deve ser todo restaurante civilizado que se preze. Do jeitinho que deve ser no restaurante e na casa de qualquer latino, seja brasileiro ou hispânico. Entre, sinta-se em casa. Mi casa es su casa.

segunda-feira, 23 de abril de 2007

tacos, gracias

Hoje demos uma saída pra fazer a vistoria do carro (já sei, já sei, ninguém agüenta mais ouvir falar em carro e afins...) e, para nossa grata satisfação e meu completo deleite, passamos em frente a uma taqueria.
Para quem não sabe (e acho que eu só soube aqui mesmo) uma taqueria é um restaurante mexicano especializado em tacos e outros quitutes daquele país. Existem restaurantes mexicanos para inglês (ou gringo) ver, onde são servidos pratos apimentados, com "inspiração" mexicana, em ambiente "recriado" (tudo nos EUA sempre tem um ar meio "disneylândia", uma tentativa de se recriar atmosferas). E existem os restaurantes pra valer, onde a comida é fresca, seus fregueses são todos mexicanos e você é atendido, quando muito com um sotaque quase initeligível. Na maioria das vezes se você não souber um espanhol mínimo, esqueça. O ambiente é simples e no máximo você encontra um sombrero pendurado na parede como decoração mexicana. E, claro, os preços são absurdamentes mais baixos. Imagine que os clientes em potencial são imigrantes, na grande maioria ilegais e com almost no money pra gastar.
Assim, depois da vistoria, não resistimos e demos uma parada na taqueria. Nós éramos os únicos não mexicanos do estabelecimento, mas fomos recebidos muito bem, obrigada. O menu, os avisos, os preços, tudo tudo tudo é escrito em espanhol. Ou melhor, em "mexicano", dificultando um pouco a nossa compreensão. Muitas das palavras usadas por eles são de origem indígena e acabam soando como grego pra gente. Mas se quem tem boca vai a Roma, não seríamos nós que ficaríamos sem comer por causa de umas palavrinhas à toa. Me coloquei em frente à moça do balcão e comecei a perguntar tudo o que a gente queria saber. Em espanhol. E em inglês. E algumas palavras em português.
Existe uma quantidade absurda de recheios para os tacos. Todos com variações, digamos, meio estranhas para o meu paladar fresco. Língua, bucho, cabra... e por aí vai. Tem também de pollo, ou seja, frango, e foi nesse que Tomzinho, que de bobo não tem nada, apostou. Existe um outro tipo de prato chamado pupusa que é feito com uma massa que me parecia de milho, queijo e carne de porco. Tudo preparado em um formato de pancake. Depois de pronto, você recebe seu prato e pode se servir à vontade de uma variedade de temperos e vegetais, regando tudo com limão e o molho de sua preferência. Inútil dizer que os molhos são apimentados e que eu os classificaria como "arranca lágrimas", "faz chorar" ou "te deixa soluçando como um bebê".
Enfim, além do taco de frango do Tomzinho, cada um de nós pediu um pupusa e um refresco de abacaxi. Como não se trata de nenhum fast food e a comida é fresquinha, feita na hora, esperamos bem uns 10 minutos, até uma senhora com grau zero de inglês trazer os nossos pratos. E lá fomos nós nos servir das coberturas de temperos e tal.
Eu mandei ver num tipo de molho à campanha, com cebolas, tomates, pimentões, salsinha e, na hora eu só desconfiei, algo que parecia ser pimenta. Coloquei ainda um tipo de salada de repolho, cenoura e cebola crua, muito gostosa. Uma fatia de limão para espremer por cima de tudo. Na hora de escolher o molho esperei pacientemente até o pessoal me explicar qual era o molho mais caliente e o menos. Peguei um pouquinho de nada, só pra provar, de um molho verdinho, o que arrancou um sorriso do senhor mexicano que estava me ajudando com a descoberta dos sabores. Tomzinho, macho pra caramba, não esperou por explicação nenhuma e caiu de boca num molho vermelho, bonito e com cara de que ia arder pra cacete. Colocou um monte em cima de tudo.
Dito e feito, nunca vi meu maridinho assim. Primeiro ele disse, "não é tão forte". Mas, em seguida, vi Tom ficar vermelho, vermelho, tossir, atacar com violência e sofreguidão o refresco de abacaxi, tossir de novo e chorar. Chorou como um bebê. Ele que ama comida indiana, que ri de mim todas as vezes em que não consigo comer as suas pimentas, chorou, fungou, tossiu, chorou de novo. E disse: "porra! essa é da boa!!"
Eu sofri pouco, só no final mesmo, quando sobrou só o tal do molho à campanha com pimenta e meu refresco já tinha sido praticamente todo bebido, é que a boca começou a arder pra valer. Comemos tudo, feito gente grande. Definitivamente, o melhor da pimenta é o depois. Pagamos (10 dollars pela nossa refeição toda) e fomos para casa com as bocas ardendo, o rosto vermelho, um sorriso na cara e o coração aquecido.

o fim do sonho da carteira de motorista (ou pelo menos, o seu adiamento)

Como devidamente explicado em post anterior, andamos às voltas com carteiras pra dirigir, licenças de carro, seguros. Devo dizer que a vida estava caminhando de forma positiva nesse sentido, e que, apesar dos percalços naturais do dia-a-dia burocrático de qualquer país e cidade, as soluções estavam se descortinando:
Tomzinho conseguiu sua licença para dirigir da Carolina do Norte (com uma foto, aliás, de galã de cinema Italiano, merecendo uma publicação por aqui), fizemos a transferência de propriedade do carro pra cá e estamos resolvendo a questão "seguro obrigatório". Para tanto, Tom entrou em contato com a mesma seguradora que estava sendo paga já em Nova Jersei, só pra fazer uma transferência e pagar a diferença do que já foi pago. Bem, é aí que minha carteira de motorista começa a escorrer pelos dedos.
Para dirigir aqui na Carolina do Norte eu obrigatoriamente preciso de uma licença de motorista do estado. Acho que eu já mencionei que não são aceitas as Habilitações Internacionais, que eu facilmente teria tirado aí no Brasil. Veja bem, se morássemos em Nova Jersei, por exemplo, eu poderia usar minha habilitação brasileira sem problemas, mas aqui não. Graças a uma lei aprovada parece que no ano passado, toda essa burocracia torna-se necessária e obrigatória pra quem quer um pouco mais de mobilidade e liberdade. Preciso sim, mesmo com quase 15 anos devidamente habilitada no Rio, fazer novas provas escritas e de direção. Mas, se esse fosse o único porém, eu me submeteria de bom grado. O fato é que não é. Eu preciso que o seguro do carro também esteja no meu nome já que vou ter uma licença para dirigir. E isso é obrigatório. Só tiro a carteira se eu tiver um seguro no meu nome. Mas, o pior de tudo, é que aqui, para a legislação da Carolina do Norte, eu sou uma completa iniciante na arte de pilotar um carro. Mesmo com anos e anos de habilitação legal no Brasil. Mesmo dirigindo desde os 15 anos de idade. Mesmo dirigindo melhor do que boa parte dos americanos, que só aprendem a conduzir carros automáticos. Mesmo nunca tendo me envolvido em acidentes graves. Mesmo com todos esses mesmos eu pago o mesmo seguro que um moleque de 16 anos iniciante. Ou seja, se vamos pagar algo em torno de $700 de seguro pra Tomzinho, acrescentando meu nome o seguro triplica, passando para incríveis $2100 dollars.
O corretor nos deu ainda a opção de não fazer um seguro total. Um seguro que não cobriria possíveis prejuízos com nosso carro se nos envolvêssemos em um acidente. Cobriria apenas todas as despesas com terceiros. $1300 dollars, quase o valor total de Nova Jersei. Mas, será que vale a pena desafiar a lei de Murphy com um seguro desse...? hmmm... difícil decidir. Enfim, fizemos, a princípio, o seguro só no nome de Tomzinho. Se mudármos de idéia é só mudar tudo com o corretor. E, como ele explicou, o risco do seguro "meia-bomba" seria só durante 1 ano, já que a partir disso eu já começo a ser reconhecida como uma motorista mais experiente, menos arriscada.
Eu já estava um pouco na dúvida em relação a realizar essas provas agora, se valeria a pena voltar a dirigir justamente com essa enorme barriga entre eu e o volante. Mas seria de grande valia poder resolver as coisas sem precisar contar com a boa vontade do meu maridinho. Que se é um cara paciente e amigo, não deixa de ser homem. O que, em matéria de comprar badulaques de primeira necessidade (e aí leia-se inclusive objetos de decoração) para o quartinho de Lucas Benjamin, não deixa de ser um fator contra. Qual o homem que gosta de ficar horas olhando papel de parede e puxadores para a cômoda? Mas acho que vou acabar tendo que escolher entre gastar um monte de dinheiro com seguro, que me parece sempre uma coisa abstrata e sem forma, uma maneira de arrancar dinheiro do seu bolso, ou gastar um pouquinho mais comprando sapatinhos, brinquedos e fraldas para o meu filhote... pensando assim, a carteira de motorista que vá para o inferno. E que vá de carro.

domingo, 22 de abril de 2007

estar treque


Nós dois cariocas estamos assistindo agora a primeira temporada de Jornada nas Estrelas: A Nova Geração. Adorei quando vi pela primeira vez (começou no outono de 1987), e faz quase vinte anos que não via de novo. Claro que lembro os mínimos detalhes de cada episódio.

O que mudou nas últimas duas decadas? Eu. Agora posso ver a arte da coisa com mais distância, o que ST:TNG continuou tendo em comum com o seriado dos anos sesenta, o uso da luz, muito teatral no ST:TOS e um pouco menos expressionista no TNG. Percebo agora que na época eu tava com a idade das personagens mais jovens - Troi (nasceu em 1955), Tasha (nasceu em 1957). Riker foi um pouco mais velho (nasceu em 1952), e Picard de uma outra geração (nasceu em 1940).

E vinte anos depois? agora estou mais velho do que qualquer personagem - até três anos mais velho do que Picard. Meus ideais, entretanto, continuam aqueles de Gene Roddenberry e da Federação....

Deborah tem agora a idade que eu tinha, vendo ST:TNG pela primeira vez....
estamos gostando de vê-lo juntos, de culturas e paises diferentes.....

supermercados


Tarefa importantíssima é descobrir os melhores lugares para se comprar comida. No Rio a gente comprava nas Sendas - Voluntários, perto da Rua da Matriz, o supermercado mais perto do Morro S. Marta - sempre com cheiro ruim, mas com pão francês quente a qualquer hora. Ou no Mundial perto da praia de Botafogo, preços ótimos, mas longe demais para voltar a pé com compras na mão. De vez em quando, uma peregrinação para as Casas Pedro na Rua da Alfândega - amendoins, halewa, azeite, coisas gostosas.
Aqui na Gringolândia tem dois supermercados perto de casa. Tem o Food Lion (O Leão das Comidas), um mercado no estilo tradicional. Esse Food Lion tem sua clientela formada pela camada um pouco mais classe operária da cidade, quer dizer, mais negro, e mais latino. Mesmo assim os carros no estacionamento são bem cuidados e com pouca kilometragem. A população hispânica de Durham tem uma preponderância de Mexicanos, e assim o Food Lion tem todos os tipos de cerveja mexicana, e ate uma ala inteira de comidas latinas - feijão, refrigerantes mexicanos, etc. etc. O mercado em si não é tão bem cuidado. Não é ruim, mas é capaz de ter falta de várias coisas básicas (tipo leite), lembrando o saudoso mercado Sendas da Rua da Matriz.
Mais recentemente a gente descobriu o Whole Foods, uma empresa internacional que continua o estilo do mercadinho orgânico riponga dos anos 70. Só que agora esses hippies tem grana, e muita grana. O lugar é super-bem-transado, com comida maravilhosa e cara - todas as coisas luxuosas que o Leão das Comidas não tem - queijo importado, filet a $25 por libra (mais ou menos cem reais por kilo.....)
A gente vai mais para o mercado classe C do que esse mercado classe A.....

terça-feira, 17 de abril de 2007

segunda-feira, 16 de abril de 2007

e a saga da carteira de motorista continua...

Na última sexta-feira, Tomzinho me tirou cedo da cama, mesmo depois do incidente "Música Eletrônica Às Altas Horas Da Madrugada", com o intuito de resolvermos o item "Carteira de Motorista". Como eu expliquei antes (vide post "sexta-feira santa e chata"), Tomzinho precisa fazer a transferência do carro para o departamento de trânsito da Carolina do Norte, com placas novas e tudo, além de precisar de uma nova licença de motorista. E a ordem é a seguinte: primeiro você precisa de uma carteira daqui pra depois poder licenciar o seu carro. O meu caso já é de uma simples primeira via de carteira de motorista, já que a nossa querida Carolina não aceita carteiras de habilitação internacional. Assim sendo, eu nem me dei ao trabalho de resolver a minha renovação no Detran, novas taxas, novos exames médicos, e tal. Mas, para minha surpresa total, enquanto que pra Tomzinho a habilitação é necessária pra resolver a questão licença e seguro do carro, eu só posso tirar a minha se eu tiver um carro licenciado e segurado em meu nome também... inteligentes esses americanos, não...?
Enfim, fomos a um lugar diferente dessa vez. Um departamento em uma cidade próxima (mas nem tanto) chamada Hillsborough. Andamos bem uns 30 minutos de carro para descobrir que repartição pública é repartição pública em qualquer lugar do mundo. Descobri, ainda, que você pode ficar muitas horas numa fila. E que, com a lei de Murphy imperando nesses casos, claro que você não vai conseguir resolver tudo o que precisa numa tacada só. Além do mais, para minha infelicidade como mulher prenhuda e aos 7 meses de gestação, americanos em geral cagam se vc está grávida. Não existe nenhuma preferência em nenhuma fila, seja de banco, de mercado ou de repartições públicas, e nenhum (mas nehum mesmo) americano tem a gentileza de se levantar e te dar o lugar pra sentar. Nunca. Nem olham pra tua cara. E muito menos pra tua barriga. Isso foi chato e cansativo de ver.
Mas, depois de algum tempo esperando, uma senha pra mim e outra pra Tomzinho, nossos números foram chamados. Quer dizer, o dele foi chamado. Eu entrei junto, como havíamos combinado, mas chegando lá o sr. Funcionário Público disse que não poderíamos ser atendidos ao mesmo tempo já que teríamos que fazer alguns testes. Ok, saí e esperei (em pé) pacientemente meu número ser chamado. O que aconteceu pouco tempo depois, mas por outra pessoa e em outro guichê. Ou seja, eu ia ser atendida completamente sozinha...
Olhei pro Tom com súplica nos olhos: "O que eu faço??", ele: "Se vira, vai lá!!". Eu fui. Me sentei com meu passaporte verdinho na frente de uma enorme-negona-norte-americana-de-filme e comecei a explicar que eu precisava peloamordedeus de uma carteira de motorista da Carolina do Norte, que eu tinha visto de permanente, que eu dirigia no Brasil já mas que, sabe como é, não aceitavam minha carteira de motorista no estado. Ela séria me perguntou: "Você mora aqui?" Eu feliz com o nosso dialogo, "moro, sou residente na Carolina do Norte. Eu tenho visto de imigrante, olha aqui, ó!" E mostrei o passaporte. Ela, ainda muito séria e meio desconfiada: "você é cidadã norte-americana?" Eu, mostrando meu passaporte de novo (será que ela não viu meu passaporte verdinho???), "nãoooo, eu sou brasileira, olha, b-r-a-s-i-l-e-i-r-a! Mas preciso de uma carteira de motorista, pois vivo aqui e, olha a minha barriga, tá vendo? eu preciso dirigir, não posso ficar andando por aí". Ela, muiiiito séria, me perguntou: "Tá tudo certo, mas preciso do papel #$%@^%#&^%@. Você tem ele aí? Aquele papel #$%@^%#&^%@ que a imigração deve ter te dado." Eu, "como? pode repetir? excuse me?" Ela, já meio impaciente, "o papel #$%@^%#&^%@, da imigração, você sabe." Eu já meio com medo, arrisquei: "não me deram nenhum papel assim na imigração... acho que no meu caso não precisava disso..." Ela, "um minutinho por favor" e levantou me deixando perdida e atônita. Era agora que eu seria levada pro quartinho, interrogada, torturada e deportada. Por um momento, quase me levantei e saí correndo, mas Tomzinho no guichê próximo sorria e me deu algum alento,desviando minha atenção. Foi aí que chegou um cara com cara de chefe, muito risonho, muito simpático, mas impassível. Cheguei a pensar que teria alguma chance com ele, mas foi categórico: "precisamos do papel #$%@^%#&^%@ ou do seu green card. Tem algum dos dois aí?"
Aí eu entreguei os pontos. Toda a minha satisfação em estar conseguindo entender e ser entendida foi por água abaixo e resolvi apelar desavergonhadamente: "será que vocês esperam um minutinho...? meu marido tá no guichê ao lado e ele deve saber o que é esse tal papel... posso falar com ele?" Recebi olhares de benevolência e compreensão, eles entendiam que eu não tinha capacidade e nem inteligência suficiente pra entender o caso. Mas, pra meu desespero e pânico, tampouco Tomzinho sabia do que se tratava e ficamos combinados com os Srs. Funcionários de que voltaria lá quando meu green card chegasse. Sabe-se lá deus quando.
Por fim perguntei à minha "calorosa" atendente: "Quando eu voltar, vou ter que fazer uma prova, certo?" Ela, "É, vai. Você precisa do livro de leis de trânsito, né?" E, me olhando séria, de cima a baixo, "temos em espanhol e inglês, qual você quer?" Eu, cheguei a pensar em mico e coisa e tal, mas a essa altura do campeonato minha vergonha já tinha ido pro ralo... "Será que pode ser um de cada...? é que, sabe como é, eu sou brasileira. Não falo nem inglês e nem espanhol. Falo na verdade português!!" Essa última parte foi dita com um misto de constrangimento e orgulho. O que arrancou, pela primeira vez, um enorme sorriso da minha atendente: "Claro! E porque não?" E me deu dois manuais. E me fez ver que assumir minha brasileirice é, finalmente, o melhor caminho. Espero que no fim dos manuais eu esteja apta a tirar minha carteira e falar um espanhol e um inglês um tantinho melhor, algo que me faça entender que diabo de papel #$%@^%#&^%@ é esse afinal.

domingo, 15 de abril de 2007

comentários, por favor.....

Ô galera, se vcs passarem por aqui, deixem uns comentariozinhos de vez em quando, tá?

turismo no estado tarheel

Hoje fizemos nosso primeiro turismo no estado dos Tarheels. A gente mora no Research Triangle (Triángulo de Pesquisa), mais precisamente na Cidade de Medicina. A Universidade de Carolina do Norte (uma universidade estadual bem-conceituda) fica em Chapel Hill, uma meia-horinha de carro daqui. Com o crescimento das cidades de Durham e Chapel Hill, quase não fica região não-urbanizada entre as duas. Em contraste ao estado de Nova Jersey, que só tem suburbio, e mais nada, entre Nova Iorque e Filadelfia, as estradas daqui (highways) conseguem lidar bem com o transito - quer dizer que a gente sempre anda com velocidade de 9o km/h.
A cidade de Chapel Hill parecem bem charmosa, até mais do que a cidade pos-industrial de Durham. Fomos pro museu da UNC (Ackland Art Museum), um museu pequeno mas bem-estruturado, com obras bem escholhidas, particularmente na area da arte renascentista e barroca. O guarda era muito simpâtico, com muita informação sobre os programs do lugar, e sobre outras galerias bem perto.
Deh aproveitou da visita para comprar mais uns oculos escuros mega-plus (azuis), e como ela tava morrendo de fome (direito de mulher grávida) comemos uns bagels com cream cheese.
Bagel é um pãozinho judaico na forma de um donut. Antigamente só dava para encontrar em padaria de bairro judaico, mas virou comida dos goyim também.

sábado, 14 de abril de 2007

oops!... they did it again

Ontem Tomzinho foi pra caminha tipo às 7 da noite com o pretexto de uma soneca. Que foi esticando, esticando e virou dormir de verdade. Eu, como pessoa mais normal, fiquei acordada vendo um filme e resolvi me recolher aos meus aposentos lá pelas 11:00. Tudo muito bom, tudo muito bem se por volta de 1 da manhã os vizinhos sociopatas não começassem a ouvir aquela música bate-estaca outra vez.
Acordei. Acordamos os dois. Na verdade quando fui trazida dos meus sonhos à realidade, Tomzinho já estava desperto e futucando o computador, tentando se manter calmo e equilibrado. Eu nem tentei. Já acordei prometendo murros, favelices, escândalos, troca de insultos. Mas meu maridinho, sempre ele, estava aqui do meu lado pra (tentar) me acalmar.
Segunda a gente fala com administração de novo, disse ele. Eu indignada disse que Rá! nem pensar que eu ia dormir com aquele barulho!! Enfim, eu queria porque queria bater na barede, dar um show e tal. Tomzinho deitou outra vez, me chamou pra deitar, me abraçou, respirou calmamente comigo, disse pra eu tentar relaxar, que no pé do morro era muito mais barulhento. Era mesmo, mas por isso mesmo não incomodava, era o normal.
Enfim, passados alguns minutos, ele mesmo percebeu que seria impossível dele dormir. Se levantou e disse "vou ligar pra polícia". Confesso que sempre vi filmes americanos onde a polícia era acionada por causa de barulhos e distúrbios na vizinhaça, mas fiquei cética. Juro que não acreditei que alguma coisa fôsse melhorar. Afinal 32 anos de Rio de Janeiro e 2 anos de pé do morro te deixam completamente escaldados. Bem, os caras foram super gentis com ele no telefone e disseram que iam resolver. Eu no meu afã de barraqueira-não-saciada, fiquei me coçando pra dar uma espiadinha pela porta. Mas aqui não pode. Você tem que ficar quietinha no seu canto.
Deitamos de novo, ouvidos a postos e, pasmem!, 5 minutos depois não tinha mais música!! Nada. Silêncio absoluto. Confesso que me senti meio com remorso, quase culpada, assim como um irmão pode se sentir fazendo queixa do outro irmão aos pais. Mas há também um sentimento de prazer delicioso. A gente precisou, falou e pronto. Fomos repseitados. E aqueles que não estavam respeitando souberam que tinham que mudar de comportamento. Gostei. Dormi que foi uma maravilha. Ouvindo o delicioso som do silêncio.

sexta-feira, 13 de abril de 2007

às vezes eu odeio música...

Ontem fomos dormir relativamente cedo, algo em torno das 23:00. O soninho bateu, nos enrolamos no edredon e caímos nos braços de Morfeu. Mesmo minha, digamos, enorme barriga, não atrapalhou muito no embalo. Apenas uma musiquinha, que vinha de alguma parte do condomínio me deixou ligeiramente incomodada, mas nada que me impedisse de mergulhar no sono.
Mas, lá pelas 3:00 da matina, acordamos com a parede do quarto, onde nossas cabeças ficam praticamente encostadas, vibrando. Fazia vrom vrom vrom, e por trás disso ouviamos algo parecido com música. Eletrônica, diga-se de passagem. Veja bem, não que a música estivesse super alta, mas a vibração do baixo e o contraste com o silêncio lá de fora eram literalmente gritantes.
Não houve santo que me fizesse dormir de novo. Eu ainda estava na dúvida de onde vinha o som, se do apartamento de cima ou do lado, mas Tomzinho colou a orelha na parede e decretou: é daqui!!! Peguei um copo, emborquei na parede, meti meu ouvido coladinho e, a exemplo dos telefones de copo de iogurte que eu fazia quando criança, consegui ouvir tudo, inclusive vozes. E, só pra certeza ser completa, Tomzinho saiu porta afora (frio de 6 graus) e caminhou até a porta do vizinho. Bingo! Barulho!!
Isso durou mais um bom tempo. Finalmente Tomzinho, super bem treinado com as várias noites de muito barulho do pé do Dona Marta, apagou de novo e eu fiquei lá, olhos abertos, escuro em torno, um misto de indignação e medo. E se eu nunca mais pudesse dormir de novo??
Enfim, lá pelas 4 e tal da manhã, a música parou. Eu já estava a ponto de esmurrar a parede (só não o fiz porque Tomzinho dormia - e roncava - candidamente ao meu lado) quando se fez silêncio. Silêncio esse que quase incomodou, tamanho o espaço que a dita música ocupava em meu cérebro. Mas, respirei, respirei, bebi um gole de água, fui relaxando, relaxando e pimba! dormi de novo. Porém, para meu desespero total às 5 e pouquinho a música voltou, igualmente vibrante, igualmente chata. A mesma música acho. Ou, sabe como é, música eletrônica é tudo igual mesmo.
Dessa vez meu espírito favelesco, que até então estava ligeiramente adormecido, veio à tona e eu já queria esperar o sol nascer, horário em que pessoas-que-escutam-música-eletrônica-até-de-madrugada dormem, e ligar o meu aparelho de som, com as caixas acústicas grudadas na parede, com um jazz bem porrada, um samba bem gingado, enfim, com algo que abalasse as estruturas do prédio. E queria ver qual seria o filho-da-puta que ia conseguir dormir com isso tudo. Mas Tomzinho, meu iniciador nos assuntos e costumes norte-americanos, cortou completamente a minha onda. Disse que aqui a gente só tinha que ligar pra polícia e pronto. Eles viriam e resolveriam tudo. Ou ainda, depois do café-da-manhã, iriamos na administração do condomínio e faríamos uma queixa formal. Eles seríam notificados e pronto.
Juro que ainda tentei argumentar. Me pareceu muito mais honesto usar as caixas de som. Eles seriam punidos na mesma moeda, eu com certeza me sentiria um pouco melhor, apesar da noite mal dormida e, além de tudo, nada poderia ser dito! Eu estaria dentro do horário permitido pela lei!! Um golpe de mestre!! Já a queixa oficial sempre me dá aquela sensação de que estou dedurando alguém, que é jogar meio sujo, que é não jogar bonito... sempre preferi ser a guerreira de peito aberto do que a conspiradora secreta. E, venhamos e convenhamos, seria muito mais divertido!! Provavelmente me faria sentir um pouco mais em casa... um pouquinho mais perto do morro!!