segunda-feira, 23 de abril de 2007

o fim do sonho da carteira de motorista (ou pelo menos, o seu adiamento)

Como devidamente explicado em post anterior, andamos às voltas com carteiras pra dirigir, licenças de carro, seguros. Devo dizer que a vida estava caminhando de forma positiva nesse sentido, e que, apesar dos percalços naturais do dia-a-dia burocrático de qualquer país e cidade, as soluções estavam se descortinando:
Tomzinho conseguiu sua licença para dirigir da Carolina do Norte (com uma foto, aliás, de galã de cinema Italiano, merecendo uma publicação por aqui), fizemos a transferência de propriedade do carro pra cá e estamos resolvendo a questão "seguro obrigatório". Para tanto, Tom entrou em contato com a mesma seguradora que estava sendo paga já em Nova Jersei, só pra fazer uma transferência e pagar a diferença do que já foi pago. Bem, é aí que minha carteira de motorista começa a escorrer pelos dedos.
Para dirigir aqui na Carolina do Norte eu obrigatoriamente preciso de uma licença de motorista do estado. Acho que eu já mencionei que não são aceitas as Habilitações Internacionais, que eu facilmente teria tirado aí no Brasil. Veja bem, se morássemos em Nova Jersei, por exemplo, eu poderia usar minha habilitação brasileira sem problemas, mas aqui não. Graças a uma lei aprovada parece que no ano passado, toda essa burocracia torna-se necessária e obrigatória pra quem quer um pouco mais de mobilidade e liberdade. Preciso sim, mesmo com quase 15 anos devidamente habilitada no Rio, fazer novas provas escritas e de direção. Mas, se esse fosse o único porém, eu me submeteria de bom grado. O fato é que não é. Eu preciso que o seguro do carro também esteja no meu nome já que vou ter uma licença para dirigir. E isso é obrigatório. Só tiro a carteira se eu tiver um seguro no meu nome. Mas, o pior de tudo, é que aqui, para a legislação da Carolina do Norte, eu sou uma completa iniciante na arte de pilotar um carro. Mesmo com anos e anos de habilitação legal no Brasil. Mesmo dirigindo desde os 15 anos de idade. Mesmo dirigindo melhor do que boa parte dos americanos, que só aprendem a conduzir carros automáticos. Mesmo nunca tendo me envolvido em acidentes graves. Mesmo com todos esses mesmos eu pago o mesmo seguro que um moleque de 16 anos iniciante. Ou seja, se vamos pagar algo em torno de $700 de seguro pra Tomzinho, acrescentando meu nome o seguro triplica, passando para incríveis $2100 dollars.
O corretor nos deu ainda a opção de não fazer um seguro total. Um seguro que não cobriria possíveis prejuízos com nosso carro se nos envolvêssemos em um acidente. Cobriria apenas todas as despesas com terceiros. $1300 dollars, quase o valor total de Nova Jersei. Mas, será que vale a pena desafiar a lei de Murphy com um seguro desse...? hmmm... difícil decidir. Enfim, fizemos, a princípio, o seguro só no nome de Tomzinho. Se mudármos de idéia é só mudar tudo com o corretor. E, como ele explicou, o risco do seguro "meia-bomba" seria só durante 1 ano, já que a partir disso eu já começo a ser reconhecida como uma motorista mais experiente, menos arriscada.
Eu já estava um pouco na dúvida em relação a realizar essas provas agora, se valeria a pena voltar a dirigir justamente com essa enorme barriga entre eu e o volante. Mas seria de grande valia poder resolver as coisas sem precisar contar com a boa vontade do meu maridinho. Que se é um cara paciente e amigo, não deixa de ser homem. O que, em matéria de comprar badulaques de primeira necessidade (e aí leia-se inclusive objetos de decoração) para o quartinho de Lucas Benjamin, não deixa de ser um fator contra. Qual o homem que gosta de ficar horas olhando papel de parede e puxadores para a cômoda? Mas acho que vou acabar tendo que escolher entre gastar um monte de dinheiro com seguro, que me parece sempre uma coisa abstrata e sem forma, uma maneira de arrancar dinheiro do seu bolso, ou gastar um pouquinho mais comprando sapatinhos, brinquedos e fraldas para o meu filhote... pensando assim, a carteira de motorista que vá para o inferno. E que vá de carro.

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